Bem Vindo ao Blog da Paróquia de Vila da Ponte -Arciprestado de Sernancelhe - Diocese de Lamego

"A opção fundamental da Vida de um Cristão é acreditar no Amor de Deus" Bento XVI

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Santidade e sacramentos - Sede Santos

    
O Programa Nacional da Catequese propõe aos adolescentes descobrir «o projecto de Deus para cada um», e para os anos seguintes, lança um desafio para toda a vida: personalizar a fé numa «atitude de compromisso cristão na Igreja e no Mundo». Como se pode por isto em prática? Fases IV até V - um desafio para toda a vida! Saber «qual é o projecto de Deus para mim» por vezes é uma tarefa difícil. Exige, entre outras, o discernimento, a oração, orientação, clareza na definição de prioridades, sinceridade na aferição das capacidades, em resumo, é um tempo de procura, de escuta, descoberta, vigilância, partilha e de experiência. Mas sabendo qual é o projecto, dá-se lugar à concretização da decisão tomada que se revela como um compromisso. Este último é mais do que um conjunto de acções, pensamentos ou objectivos. Como afirma o Programa Nacional da Catequese, viver o projecto de Deus é uma «atitude», uma forma de vida que brilha quando o ar que respira é a vida na santidade. Todos os projectos de Deus, por mais diferentes que sejam, são uma forma de viver na santidade. Madre Teresa dizia: «Não é o quanto fazemos que importa, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos.»
Santidade e sacramentos - Sede SantosO historiador e escritor austríaco René Fulop-Miller, publicou em 1945 o livro: Os Santos que mudaram o mundo: Antão, Agostinho, Francisco, Inácio e Teresa. Cada um deles viveu um projecto de Deus diferente, à sua maneira pessoal e à maneira das suas épocas. Santo Antão, é referido como o exemplo da renúncia; Santo Agostinho, doutor da Igreja, é considerado o modelo da inteligência pela influência que as suas obras tiveram; São Francisco de Assis, é a demonstração do amor de Deus; Santo Inácio, que formulou os Exercícios Espirituais em que através da oração e do discernimento se une a vontade humana à vontade divina, é considerado o santo da vontade; Santa Teresa de Ávila, que escreveu numerosas obras de espiritualidade e oração, é considerada a Santa da Oração. Todos eles, à sua maneira, iluminados pelo Espírito Santo, foram um modelo de vida, um modelo de santidade para nós. Podemos e temos muito a aprender com eles.
Mas, se a vivência de cada santo pode ser diferente, é possível destacar três ingredientes comuns nas suas vidas. Primeiro, uma vida pautada pela celebração dos sacramentos e pela oração. Segundo, uma atitude permanente de reflexão e estudo. Terceiro, uma vida constante de serviço ao próximo.

Tudo começa com os sacramento

O Sacramento do Baptismo, actualmente, nem sempre é um momento arrebatador e de conversão. Muitos de nós fomos baptizados em criança e nessa altura tinhamos pouca compreensão e experiência de fé em Jesus. Mas hoje temos outra compreensão, crescemos e não somos mais crianças. Escutamos muitas vezes as palavras de Jesus Cristo, mas será que o reconhecemos? O que respondemos quando Ele nos pergunta: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem? (...) E vós, quem dizeis que Eu sou?» A resposta a esta pregunta é pessoal e livre, e traduz-se na vida de cada um. É uma resposta que implica uma decisão: assumir uma relação pessoal com Cristo, e com a Sua Igreja que nos ajuda a viver rumo à plenitude, à Felicidade.
Nós estamos com Jesus Cristo, senão diária, então, semanalmente na Liturgia Eucarística – sacramento da Sua presença. Na Eucaristia respondemos à Sua pergunta e somos fortalecidos com Ele e por Ele. Mas para que a missa não seja mero acto ritual, é preciso compreender que missa significa missão, e cada vez que a celebração termina, somos enviados como apóstolos para o nosso dia-a-dia. No quotidiano, a grande pergunta de Jesus Cristo transforma-se no desafio amar a Deus e ao próximo como Ele nos amou, ao ponto de Ele nos dizer: «Sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes.» (Mt 25,40)

Santo André - Catequese do Papa Bento XVI

André, o Protóklitos 14 de Junho de 2006 

Queridos irmãos e irmãs! Nas últimas duas catequeses falámos da figura de São Pedro. Agora queremos, na medida em que as fontes o permitem, conhecer mais de perto também os outros onze Apóstolos. Portanto, falamos hoje do irmão de Simão Pedro, Santo André, também ele um dos Doze. A primeira característica que em André chama a atenção é o nome: não é hebraico, como teríamos pensado, mas grego, sinal de que não deve ser minimizada uma certa abertura cultural da sua família. Estamos na Galileia, onde a língua e a cultura gregas estão bastante presentes. Nas listas dos Doze, André ocupa o segundo lugar, como em Mateus (10, 1-4) e em Lucas (6, 13-16), ou o quarto lugar como em Marcos (3, 13-18) e nos Actos (1, 13-14). Contudo, ele gozava certamente de grande prestígio nas primeiras comunidades cristãs. 
O laço de sangue entre Pedro e André, assim como a comum chamada que Jesus lhes faz, sobressaem explicitamente nos Evangelhos. Neles lê-se: "Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu os dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: "Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens"" (Mt 4, 18-19; Mc 1, 16-17). Do Quarto Evangelho tiramos outro pormenor: num primeiro momento, André era discípulo de João Baptista; e isto mostra-nos que era um homem que procurava, que partilhava a esperança de Israel, que queria conhecer mais de perto a palavra do Senhor, a realidade do Senhor presente. Era verdadeiramente um homem de fé e de esperança; e certa vez, de João Baptista ouviu proclamar Jesus como "o cordeiro de Deus" (Jo 1, 36); então ele voltou-se e, juntamente com outro discípulo que não é nomeado, seguiu Jesus, Aquele que era chamado por João o "Cordeiro de Deus". O evangelista narra: eles "viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia" (Jo 1, 37-39). Portanto, André viveu momentos preciosos de familiaridade com Jesus. 
A narração continua com uma anotação significativa: "André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: "Encontramos o Messias" que quer dizer Cristo. E levou-o até Jesus" (Jo 1, 40-43), demonstrando imediatamente um espírito apostólico não comum. Portanto, André foi o primeiro dos Apóstolos a ser chamado para seguir Jesus. Precisamente sobre esta base a liturgia da Igreja Bizantina o honra com o apelativo de Protóklitos, que significa exactamente "primeiro chamado". E não há dúvida de que devido ao relacionamento fraterno entre Pedro e André a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla se sentem irmãs entre si de modo especial. Para realçar este relacionamento, o meu Predecessor, o Papa Paulo VI, em 1964, restituiu as insignes relíquias de Santo André, até então conservadas na Basílica Vaticana, ao Bispo metropolita Ortodoxo da cidade de Patrasso na Grécia, onde segundo a tradição o Apóstolo foi crucificado.
As tradições evangélicas recordam particularmente o nome de André noutras três ocasiões, que nos fazem conhecer um pouco mais este homem. A primeira é a da multiplicação dos pães na Galileia. Naquele momento foi André quem assinalou a Jesus a presença de um jovem que tinha cinco pães de cevada e dois peixes: era muito pouco observou ele para todas as pessoas reunidas naquele lugar (cf. Jo 6, 8-9). Merece ser realçado, neste caso, o realismo de André: ele viu o jovem portanto já se tinha perguntado: "mas o que é isto para tantas pessoas?" (ibid.) mas apercebeu-se da insuficiência dos seus poucos recursos. Contudo, Jesus soube fazê-los bastar para a multidão de pessoas que vieram ouvi-lo. A segunda ocasião foi em Jerusalém. Saindo da cidade, um discípulo fez notar a Jesus o espectáculo dos muros sólidos sobre os quais o Templo se apoiava. A resposta do Mestre foi surpreendente: disse que não teria ficado em pé nem sequer uma pedra daqueles muros. Então André, juntamente com Pedro, Tiago e João, interrogou-o: "Diz-nos quando tudo isto acontecerá e qual o sinal de que tudo está para acabar" (Mc 13, 1-4). 
Para responder a esta pergunta Jesus pronunciou um importante discurso sobre a destruição de Jerusalém e sobre o fim do mundo, convidando os seus discípulos a ler com atenção os sinais do tempo e a permanecer sempre vigilantes. Podemos deduzir deste episódio que não devemos ter receio de fazer perguntas a Jesus, mas ao mesmo tempo devemos estar prontos para receber os ensinamentos, até surpreendentes e difíceis, que Ele nos oferece. 
Por fim, nos Evangelhos está registrada uma terceira iniciativa de André. O Cenário ainda é Jerusalém, pouco antes da Paixão. Para a festa da Páscoa narra João tinham vindo à cidade santa alguns Gregos, provavelmente prosélitos ou tementes a Deus, que vinham para adorar o Deus de Israel na festa da Páscoa. André e Filipe, os dois apóstolos com nomes gregos, servem como intérpretes e mediadores deste pequeno grupo de Gregos junto de Jesus. A resposta do Senhor à sua pergunta parece como muitas vezes no Evangelho de João enigmática, mas precisamente por isso revela-se rica de significado. Jesus diz aos dois discípulos e, através deles, ao mundo grego: "Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto" (12, 23-24). 
O que significam estas palavras neste contexto? Jesus quer dizer: sim, o encontro entre mim e os Gregos terá lugar, mas não como simples e breve diálogo entre mim e algumas pessoas, estimuladas sobretudo pela curiosidade. Com a minha morte, comparável à queda na terra de um grão de trigo, chagará a hora da minha glorificação. A minha morte na cruz originará grande fecundidade: o "grão de trigo morto" símbolo de mim crucificado tornar-se-á na ressurreição pão de vida para o mundo; será luz para os povos e para as culturas. Sim, o encontro com a alma grega, com o mundo grego, realizar-se-á naquela profundidade à qual faz alusão a vicissitude do grão de trigo que atrai para si as forças da terra e do céu e se torna pão. Por outras palavras, Jesus profetiza a Igreja dos gregos, a Igreja dos pagãos, a Igreja do mundo como fruto da sua Páscoa. 
Tradições muito antigas vêem em André, o qual transmitiu aos gregos esta palavra, não só o intérprete de alguns Gregos no encontro com Jesus agora recordado, mas consideram-no como apóstolo dos Gregos nos anos que sucederam ao Pentecostes; fazem-nos saber que no restante da sua vida ele foi anunciador e intérprete de Jesus para o mundo grego. Pedro, seu irmão, de Jerusalém, passando por Antioquia, chegou a Roma para aí exercer a sua missão universal; André, ao contrário, foi o apóstolo do mundo grego: assim, eles são vistos, na vida e na morte, como verdadeiros irmãos uma irmandade que se exprime simbolicamente no relacionamento especial das Sedes de Roma e de Constantinopla, Igrejas verdadeiramente irmãs. 
Uma tradição sucessiva, como foi mencionado, narra a morte de André em Patrasso, onde também ele sofreu o suplício da crucifixão. Mas, naquele momento supremo, de modo análogo ao do irmão Pedro, ele pediu para ser posto numa cruz diferente da de Jesus. No seu caso tratou-se de uma cruz decussada, isto é, cruzada transversalmente inclinada, que por isso foi chamada "cruz de Santo André". Eis o que o Apóstolo dissera naquela ocasião, segundo uma antiga narração (início do século VI) intitulada Paixão de André: "Salve, ó Cruz, inaugurada por meio do corpo de Cristo e que se tornou adorno dos seus membros, como se fossem pérolas preciosas. Antes que o Senhor fosse elevado sobre ti, tu incutias um temor terreno. 
Agora, ao contrário, dotada de um amor celeste, és recebida como um dom. Os crentes sabem, a teu respeito, quanta alegria possuis, quantos dons tens preparados. Portanto, certo e cheio de alegria venho a ti, para que também tu me recebas exultante como discípulo daquele que em ti foi suspenso... Ó Cruz bem-aventurada, que recebestes a majestade e a beleza dos membros do Senhor!... Toma-me e leva-me para longe dos homens e entrega-me ao meu Mestre, para que por teu intermédio me receba quem por ti me redimiu. Salve, ó Cruz; sim, salve verdadeiramente!".
Como se vê, há aqui uma profundíssima espiritualidade cristã, que vê na Cruz não tanto um instrumento de tortura como, ao contrário, o meio incomparável de uma plena assimilação ao Redentor, ao grão de trigo que caiu na terra. Nós devemos aprender disto uma lição muito importante: as nossas cruzes adquirem valor se forem consideradas e aceites como parte da cruz de Cristo, se forem alcançadas pelo reflexo da sua luz. Só daquela Cruz também os nossos sofrimentos são nobilitados e adquirem o seu verdadeiro sentido. 
Portanto, o apóstolo André ensina-nos a seguir Jesus com prontidão (cf. Mt 4, 20; Mc 1, 18), a falar com entusiasmo d'Ele a quantos encontramos, e sobretudo a cultivar com Ele um relacionamento de verdadeira familiaridade, bem conscientes de que só n'Ele podemos encontrar o sentido último da nossa vida e da nossa morte. 

in 
http://rosabiblica.com/M%20Pontificio%20Actual%20CATEQUESES%201.htm#Andr%C3%A9,%20o%20Prot%C3%B3klitos

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cardeal Piacenza destaca Maria como modelo para viver o Advento


O prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Mauro Piacenza, enviou uma Mensagem aos clérigos de todo o mundo por ocasião do Tempo do Advento, destacando a Maria como modelo para vivir este tempo litúrgico.
Em sua mensagem para o advento, o purpurado afirma que "Cristo guarda incessantemente a sua Igreja e a cada um de nós! A Santíssima Mãe de Jesus e nossa é constantemente vigilante e nos guarda! A atitude de vigilância à qual o Senhor nos chama é aquela apaixonada observação do real, que nos conduz a duas direções fundamentais: a memória do nosso encontro com Cristo e do grande mistério de sermos Seus sacerdotes, e a abertura à 'categoria da possibilidade'".
alt“De fato, a Virgem Maria “fazia memória”, ou seja, continuamente revivia no seu coração, o quanto Deus operou no seu ser e, na certeza desta realidade, vivia o ministério de ser Mãe do Altíssimo. O Coração Imaculado de Maria era constantemente disponível e aberto ao “possível”, a concretização da amorosa Vontade de Deus nas circunstâncias quotidianas e nas mais inesperadas. Também hoje, do Céu, a Virgem Maria guarda-nos na memória viva de Cristo e nos abre de par em par à possibilidade da divina Misericórdia”, afirmou também o Cardeal Piacenza.
Falando aos sacerdotes, o prela disse: “Queridos irmãos, peçamos a Ela que nos dê um coração que seja capaz de reviver o Advento de Cristo na nossa própria vida, que seja capaz de contemplar o modo em que o Filho de Deus, no dia da nossa ordenação, de forma radical e definitiva, marcou toda a nossa existência, imergindo-a no Seu Coração sacerdotal, e como Ele nos renova quotidianamente, na Celebração Eucarística, transfiguração da nossa vida no Advento de Cristo pela humanidade”.
“Enfim, peçamos um coração atento e capaz de reconhecer os sinais do Advento de Jesus na vida de cada homem e, de modo particular, na vida dos jovens a nós confiados: os sinais daquele especialíssimo Advento, que é a Vocação ao sacerdócio”, afirmou.
“A Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe dos Sacerdotes e Rainha dos Apóstolos, obtenha àqueles que lhe pedem humildemente, a paternidade sacerdotal necessária para acompanhar os jovens no alegre e entusiasmante seguimento de Cristo”, desejou o Cardeal Piacenza.
“No “sim” da Anunciação somos encorajados à coerência com o “sim” da nossa ordenação. Na visita a Santa Isabel somos chamados a viver a intimidade divina para levar a presença aos demais e para traduzi-la num jubiloso serviço sem limites de tempo e de lugar. Ao contemplar a Santíssima Mãe que envolve em faixas o Menino Jesus, e O adora, aprendemos a tratar com inefável amor a Santíssima Eucaristia”.
“Ao “guardar tudo no próprio coração”, aprendemos de Maria a dirigirmo-nos ao Único necessário”, conclui o arcebispo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Eucaristia e Igreja

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL
SACRAMENTUM CARITATIS
DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
(...)

Eucaristia, princípio causal da Igreja

14. Através do sacramento eucarístico, Jesus compromete os fiéis na sua própria « hora »; mostra-nos assim a ligação que quis entre Ele mesmo e nós, entre a sua pessoa e a Igreja. De facto, o próprio Cristo, no sacrifício da cruz, gerou a Igreja como sua esposa e seu corpo. Os Padres da Igreja meditaram longamente sobre a semelhança que há entre a origem de Eva do lado de Adão adormecido (Gn 2, 21-23) e a da nova Eva, a Igreja, do lado aberto de Cristo mergulhado no sono da morte: do seu lado trespassado — narra João — saiu sangue e água (Jo 19, 34), símbolo dos sacramentos.[30] Um olhar contemplativo para « Aquele que trespassaram » (Jo 19, 37) leva-nos a considerar a ligação causal entre o sacrifício de Cristo, a Eucaristia e a Igreja. Com efeito, esta « vive da Eucaristia ».[31] Uma vez que nela se torna presente o sacrifício redentor de Cristo, temos de reconhecer antes de mais que « existe um influxo causal da Eucaristia nas próprias origens da Igreja ».[32] A Eucaristia é Cristo que Se dá a nós, edificando-nos continuamente como seu corpo. Portanto, na sugestiva circularidade entre a Eucaristia que edifica a Igreja e a própria Igreja que faz a Eucaristia,[33] a causalidade primária está expressa na primeira fórmula: a Igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na Eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo Se deu primeiro a ela no sacrifício da Cruz. A possibilidade que a Igreja tem de « fazer » a Eucaristia está radicada totalmente na doação que Jesus lhe fez de Si mesmo. Também este aspecto nos persuade de quão verdadeira seja a frase de São João: « Ele amou-nos primeiro » (1 Jo 4, 19). Deste modo, também nós confessamos, em cada celebração, o primado do dom de Cristo; o influxo causal da Eucaristia, que está na origem da Igreja, revela em última análise a precedência não só cronológica mas também ontológica do amor de Jesus relativamente ao nosso: será, por toda a eternidade, Aquele que nos ama primeiro.

Eucaristia e comunhão eclesial

15. A Eucaristia é, pois, constitutiva do ser e do agir da Igreja. Por isso, a antiguidade cristã designava com as mesmas palavras — corpus Christi — o corpo nascido da Virgem Maria, o corpo eucarístico e o corpo eclesial de Cristo.[34] Bem atestado na tradição, este dado faz crescer em nós a consciência da indissolubilidade entre Cristo e a Igreja. Oferecendo-Se a Si mesmo em sacrifício por nós, o Senhor Jesus preanunciou de modo eficaz no seu dom o mistério da Igreja. É significativo o modo como a Oração Eucarística II, ao invocar o Paráclito, formula a prece pela unidade da Igreja: « ... participando no corpo e sangue de Cristo, sejamos reunidos, pelo Espírito Santo, num só corpo ». Esta passagem ajuda a compreender como a eficácia (res) do sacramento eucarístico seja a unidade dos fiéis na comunhão eclesial. Assim, a Eucaristia aparece na raiz da Igreja como mistério de comunhão.[35]

O servo de Deus João Paulo II, na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia, tinha já chamado a atenção para a relação entre Eucaristia e communio: falou do memorial de Cristo como sendo a « suprema manifestação sacramental da comunhão na Igreja ».[36] A unidade da comunhão eclesial revela-se, concretamente, nas comunidades cristãs e renova-se no acto eucarístico que as une e diferencia em Igrejas particulares, « in quibus et ex quibus una et unica Ecclesia catholica exsistit – nas quais e pelas quais existe a Igreja Católica, una e única ».[37] É precisamente a realidade da única Eucaristia celebrada em cada diocese ao redor do respectivo Bispo que nos faz compreender como as próprias Igrejas particulares subsistam in e ex Ecclesia. De facto, « a unicidade e indivisibilidade do corpo eucarístico do Senhor implicam a unicidade do seu corpo místico, que é a Igreja una e indivisível. Do centro eucarístico surge a necessária abertura de cada comunidade celebrante, de cada Igreja particular: ao deixar-se atrair pelos braços abertos do Senhor, consegue-se a inserção no seu corpo, único e indiviso ».(38) Por este motivo, na celebração da Eucaristia, cada fiel encontra-se na sua Igreja, isto é, na Igreja de Cristo. Nesta perspectiva eucarística, adequadamente entendida, a comunhão eclesial revela-se realidade católica por sua natureza.(39) O facto de sublinhar esta raiz eucarística da comunhão eclesial pode contribuir eficazmente também para o diálogo ecuménico com as Igrejas e com as Comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Sé de Pedro. Na realidade, a Eucaristia estabelece objectivamente um forte vínculo de unidade entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas, que conservaram genuína e integralmente a natureza do mistério da Eucaristia. Ao mesmo tempo, a relevância dada ao carácter eclesial da Eucaristia pode tornar-se elemento privilegiado também no diálogo com as Comunidades nascidas da Reforma.(40)

(...)


Passagens da Bíblia


Isaías 40, 1 - 11
1 Consolai, consolai o meu povo,
é o vosso Deus quem o diz.
2 Falai ao coração de Jerusalém e gritai-lhe:
«Terminou a vossa servidão,
estão perdoados os vossos crimes,
pois já recebeu da mão do SENHOR
o dobro do castigo por todos os seus pecados.»
3* Uma voz grita:
«Preparai no deserto o caminho do SENHOR,
aplanai na estepe uma estrada para o nosso Deus.
4 Todo o vale seja levantado,
e todas as colinas e montanhas sejam abaixadas,
todos os cumes sejam aplanados,
e todos os terrenos escarpados sejam nivelados!»
5 Então a glória do SENHOR manifestar-se-á,
e toda a gente a há-de ver ao mesmo tempo.
É o SENHOR quem o declara.
6 Diz uma voz: «Proclama!»
Respondo: «Que hei-de proclamar?»
«Proclama que toda a gente é como a erva
e toda a sua beleza como a flor dos campos!
7 A erva seca e a flor murcha, quando o sopro do SENHOR passa sobre elas.
Verdadeiramente o povo é semelhante à erva.
8 A erva seca e a flor murcha,
mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente.»
9 Sobe a um alto monte, arauto de Sião.
Grita com voz forte, arauto de Jerusalém;
levanta a voz, sem receio, e diz às cidades de Judá:
«Aí está o vosso Deus!
10 Olhai, o Senhor DEUS vem com a força
do seu braço dominador;
olhai, vem com o preço da sua vitória,
e com a recompensa antecipada.
11 É como um pastor que apascenta o rebanho,
reúne-o com o cajado na mão,
leva os cordeiros ao colo,
e faz repousar as ovelhas que têm crias.»
Lucas 1, 26 - 38
26 Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, 27* a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria.
28* Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» 29* Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. 30 Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. 31* Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32 Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, 33 reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»
34* Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» 35* O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. 36 Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, 37* porque nada é impossível a Deus.» 38* Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

Advento, tempo de Cristo: a dupla vinda


A teologia litúrgica do Advento encaminha-se , nas duas linhas enunciadas pelo Calendário romano: a espera da Parusia, revivida com os textos messiânicos escatológicos do AT e a perspectiva de Natal que renova a memória de algumas destas promessas, já cumpridas, ainda que não definitivamente.
O tema da espera é vivido na Igreja com a mesma oração que ressoava na assembléia cristã primitiva: o Marana-tha (Vem Senhor) ou Maran-athá (o Senhor vem) dos textos de Paulo (1 Cor 16,22) e do Apocalipse (Ap 22,20), que se encontra também na Didaché e, hoje, numa das aclamações da oração eucarística. Todo o Advento ressoa como um "Marana-thá" nas diferentes modulações que esta oração adquire nas preces da Igreja.
A palavra do Antigo Testamento convida a repetir na vida a espera dos justos que aguardavam o Messias; a certeza da vinda de Cristo na carne estimula a renovar a espera da última aparição gloriosa na qual as promessas messiânicas terão total cumprimento já que até hoje se cumpriram só parcialmente. O primeiro prefácio de Advento canta esplendidamente esta complexa, mas verdadeira realidade da vida cristã.
O tema da espera do Messias e a comemoração da preparação para este acontecimento salvífico atinge o auge nos dias que precedem o Natal. A Igreja sente-se submersa na leitura profética dos oráculos messiânicos. Lembra-se de nossos Pais na Fé, patrísticos e profetas, escuta Isaías, recorda o pequeno núcleo dos anawim de Yahvé que está ali para esperá-lo: Zacarias, Isabel, João, José, Maria.
O Advento é, pois, como uma intensa e concreta celebração da longa espera na história da salvação, como o descobrimento do mistério de Cristo presente em cada página do AT, do Gênesis até os últimos livros Sapienciais. é viver a história passada voltada e orientada para o Cristo escondido no AT que sugere a leitura de nossa história como uma presença e uma espera de Cristo que vem.
Hoje na Igreja, o  Advento é como um redescobrir a centralidade de Cristo na história da salvação. Recordam-se os seus títulos messiânicos através das leituras bíblicas e das antífonas: Messias, Libertador, Salvador, Esperado das nações, Anunciado pelos profetas... Nos seus títulos e funções Cristo, revelado pelo Pai,  converte -se no personagem central, a chave do arco de uma história, da história da salvação.

Advento, tempo da Igreja missionária e peregrina

A liturgia com seu realismo e seus conteúdos põe a Igreja em um tempo de características e expressões espirituais: a espera, a esperança, a oração pela salvação universal.
Preparando-nos para a festa de Natal, nós pensamos nos justos do AT que esperaram a primeira vinda do Messias. Lemos os oráculos de seus profetas, cantamos seus salmos e recitamos suas orações. Mas nós não fazemos isto pondo-nos em seu lugar como se o Messias ainda não tivesse vindo, mas para apreciar melhor o dom da salvação que nos trouxe. O Advento para nós é um tempo real. Podemos recitar com toda verdade a oração dos justos do AT e esperar o cumprimento das profecias porque estas ainda não se realizaram plenamente; se cumprirão com a segunda vinda do Senhor. Devemos esperar e preparar esta última vinda.
No realismo do Advento podemos recolher algumas atualizações que oferecem realismo à oração litúrgica e à participação da comunidade:
- a Igreja ora por um Advento pleno e definitivo, por uma vinda de Cristo para todos os povos da terra que ainda não conheceram o Messias ou não reconhecem ainda ao único Salvador.
- a Igreja recupera no Advento sua missão de anúncio do Messias a todas as gentes e a consciência de ser "reserva de esperança" para toda a humanidade, com a afirmação de que a salvação definitiva do mundo deve vir de Cristo com sua definitiva presença escatológica.
- Em um mundo marcado por guerras e contrastes, as experiências do povo de Israel e as esperas messiânicas, as imagens utópicas da paz e da concórdia, se tornam reais na história da Igreja de hoje que possui a atual "profecia" do Messias Libertador.
- na renovada consciência de que Deus não desdiz suas promessas -confirma-o o Natal!- a Igreja através do Advento renova sua missão escatológica para o mundo, exercita sua esperança, projeta a todos os homens um futuro messiânico do qual o Natal é primícia e confirmação preciosa.
À luz do mistério de Maria, a Virgem do Advento, a Igreja vive neste tempo litúrgico a experiência de ser agora "como uma Maria histórica" que possui e dá aos homens a presença e a graça do Salvador.
A espiritualidade do Advento resulta assim uma espiritualidade comprometida, um esforço feito pela comunidade para recuperar a consciência de ser Igreja para o mundo, reserva de esperança e de gozo. Mais ainda, de ser Igreja para Cristo, Esposa vigilante na oração e exultante no louvor do Senhor que vem.

Figuras do Advento: Maria - “Fiat Mihi secundum Verbum Tuum”

“Fiat Mihi secundum Verbum Tuum”
“Faça-se em mim segundo a tua Palavra!”.(Cf. Lc 1,37)


Advento tempo por excelência de Maria, a Virgem da espera
É o tempo mariano por excelência do Ano litúrgico. Paulo VI expressa isso com toda autoridade na Marialis Cultus, nn. 3-4.
Historicamente a memória de Maria na liturgia surgiu com a leitura do Evangelho da Anunciação antes do Natal naquele que, com razão, foi chamado o domingo mariano prenatalício.
Hoje o Advento recupera plenamente este sentido com uma serie de elementos marianos da liturgia, que podemos sintetizar da seguinte maneira:
- Desde os primeiros dias do Advento há elementos que recordam a espera e a acolhida do mistério de Cristo por parte da Virgem de Nazaré.
- a solenidade da Imaculada Conceição se celebra como "preparação radical à vinda do Salvador e feliz principio da Igreja sem mancha nem ruga ("Marialis Cultus 3).
- dos dias 17 a 24 o protagonismo litúrgico da Virgem é muito característico nas leituras bíblicas, no terceiro prefácio de Advento que recorda a espera da Mãe, em algumas orações, como a do dia 20 de dezembro que nos traz um antigo texto do Rótulo de Ravena ou na oração sobre as oferendas do IV domingo que é uma epíclesis significativa que une o mistério eucarístico com o mistério de Natal em um paralelismo entre Maria e a Igreja na obra do único Espírito.
Em uma formosa síntese de títulos. I. Calabuig apresenta nestas pinceladas a figura da Virgem do Advento:
- é a "Cheia de graça", a "bendita entre as mulheres", a "Virgem", a "Esposa de Jesus", a "serva do Senhor".
- é a mulher nova, a nova Eva que restabelece e recapitula no desígnio de Deus pela obediência da fé o mistério da salvação.
- é a Filha de Sião, a que representa o Antigo e o Novo Israel.
- é a Virgem do Fiat, a Virgem fecunda. É a Virgem da escuta e acolhe.
Em sua exemplaridade para a Igreja, Maria é plenamente a Virgem do Advento na dupla dimensão que a liturgia tem sempre em sua memória: presença e exemplaridade. Presença litúrgica na palavra e na oração, para uma memória grata dAquela que transformou a espera em presença, a promessa em dom. Memória de exemplaridade para uma Igreja que quer viver como Maria a nova presença de Cristo, com o Advento e o Natal no mundo de hoje.
Na feliz subordinação de Maria a Cristo e na necessária união com o mistério da Igreja, Advento é o tempo da Filha de Sião, Virgem da espera que no "Fiat" antecipa o Marana thá da Esposa; como Mãe do Verbo Encarnado, humanidade cúmplice de Deus, tornou possível seu ingresso definitivo, no mundo e na história do homem.

Figuras do Advento: Isaías

É o profeta que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 - 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim, os exilados.
As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os tempos.
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Ele anuncia com alegria os tempos do Salvador: O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz!

“Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo, abra-se a terra e brote o Salvador” (Is 45,8)!
“Dizei aos tímidos: coragem, não temais, eis que chega o nosso Deus, ele mesmo vai salvar-nos” (Is 35,4)!
“Alegrem-se os céus e exulte a terra, porque o Senhor nosso Deus virá e terá compaixão dos pequeninos”
(Is 49,13)!
O Messias, nos anúncios de Isaías, aparece como o fruto da jovem que concebeu e dará à luz um filho e por-lhe-á o nome de Emanuel (Is 7,14)...
Sobre seus ombros ele recebeu o poder e lhe foi dado este nome: Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz (Is 9,1-6).
Isaías lembra também que a salvação é obra de Deus e que supera o próprio Messias:
O Senhor está sentado no trono (Is 6,1), como o Deus forte (Is 9,5),
Fora de Jahweh não há nenhum outro salvador (43,11).
Só Deus defende o seu povo, porque está próximo (51,22), intervém no seu destino (46,4), conduz a história (55,8-11), resgata Israel gratuitamente (55,1), para o louvor de sua glória (42,8).
Israel será para sempre exaltado (2,11).
O Novo Testamento retoma a esperança messiânica, finalmente realizada.

A oração do 1.º domingo do Advento implora:

“Ó Deus todo-poderoso, concedei aos vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro de Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”.

Advento

A palavra "advento" quer dizer "que está para vir". O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.

Este Tempo possui duas características: As duas últimas semanas, dos dias 10 a 24 de dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa volta-se para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa.

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O tempo do Advento, quatro semanas que antecedem o Natal, é oportunidade para um mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de esperança, preparação alegre para a vinda do Senhor, meio precioso de recordar o mistério da salvação e reavivar os valores cristãos.

 
Tempo de esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, na vida eterna; esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida. É tempo propício à conversão, a "preparar o caminho do Senhor", vencendo o pecado, por meio de uma disposição maior para a Oração e mergulho na Palavra. O Advento deve ser celebrado com sobriedade e discreta alegria.

domingo, 27 de novembro de 2011

Angelus de Bento XVI - 27/11/2011





Angelus
Praça de São Pedro - Vaticano
Domingo, 27 de novembro de 2011


Queridos irmãos e irmãs!


Hoje, iniciamos com toda a Igreja o novo
Ano Litúrgico: um novo caminho de fé, a se viver unidos nas comunidades cristãs, mas também, como sempre, a se percorrer no interior da história do mundo, para abri-la ao mistério de Deus, à salvação que vem do seu amor. O Ano Litúrgico inicia com o Tempo do Advento: tempo estupendo em que se desperta nos corações a expectativa do retorno de Cristo e a memória da sua primeira vinda, quando se despojou da sua glória divina para assumir a nossa carne mortal.

"Vigiai!". Esse é o apelo de Jesus no
Evangelho de hoje. Dirige-o não somente aos seus discípulos, mas a todos: "Vigiai!" (Mc 13,37). É um apelo salutar a recordar-nos que a vida não tem somente a dimensão terrena, mas é projetada rumo a um "além", como uma muda que brota da terra e abre-se para o céu. Uma muda pensante, o homem, dotada de liberdade e responsabilidade, pelo que cada um de nós será chamado a dar conta de como viveu, de como utilizou as próprias capacidades: se as reteve para si ou as fez desfrutar para o bem dos irmãos.

Também Isaías, o profeta do Advento, nos faz refletir hoje com uma oração sincera, destinada a Deus em nome do povo. Ele reconhece as faltas do seu povo e, em certo ponto, diz: "Não há ninguém para invocar vosso nome, para recuperar-se e a vós se afeiçoar, porque nos escondeis a vossa Face, e nos deixais ir a nossos pecados" (Is 64,6). Como não se sentir atingido por essa descrição? Parece refletir certos panoramas do mundo pós-moderno: as cidades onde a vida torna-se anônima e horizontal, onde Deus parece ausente e o homem o único patrão, como se fosse ele o artífice e o regente de tudo: as construções, o trabalho, a economia, os transportes, as ciências, a técnica, tudo parece depender somente do homem. E, às vezes, neste mundo que parece quase perfeito, acontecem coisas chocantes, ou na natureza, ou na sociedade, devido ao que nós pensamos que Deus tenha como que se retirado, tenha nos, por assim dizer, abandonado a nós mesmos.

Na realidade, o verdadeiro "patrão" do mundo não é o homem, mas Deus. O Evangelho diz: "Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de repente, não vos encontre dormindo" (Mc 13,35-36). O Tempo do Advento vem a cada ano recordar-nos isso, para que a nossa vida reencontre a sua justa orientação, em direção ao rosto de Deus. O rosto não de um "patrão", mas de um Pai e de um Amigo. Com a Virgem Maria, que nos guia no caminho do Advento, façamos nossas as palavras do profeta. "Senhor, vós sois nosso pai; nós somos a argila da qual sois o oleiro: todos nós fomos modelados por vossas mãos" (Is 64,7).

 





Ao final do Angelus, o Papa dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa:
Saúdo com particular afeto os peregrinos de língua portuguesa presentes nesta oração do Angelus,

nomeadamente os fiéis vindos de Lisboa e de Setúbal. O tempo do Advento convida-nos a fazer nossa a primeira vinda do Filho de Deus a fim de nos prepararmos para o seu regresso glorioso. Neste sentido, tomai por modelo e intercessora a Virgem Maria. E que Deus vos abençoe!

ADVENTO


Uma das muitas coisas que o meu pai me ensinou ao longo da minha vida, foi a pontualidade, e, com a pontualidade, o saber esperar.
Quando se é pontual, espera-se sempre que os outros também o sejam, e por isso a espera é sempre uma certeza de que os outros chegam e não vão faltar ao encontro.
Mas nós homens, com as nossas fraquezas e imponderáveis, falhamos muitas vezes os encontros, porque somos impedidos pelas mais diversas razões, e, mesmo quando comparecemos, chegamos muitas vezes atrasados.
Com Deus não é assim!
O Amor liberta - preparando o Advento
O Senhor Jesus “comparece” sempre ao encontro, é sempre pontual, e basta nós querermos verdadeiramente encontrarmo-nos com Ele, para Ele logo se fazer presente.
Curiosamente, entre nós homens, aqueles que são muito pontuais até costumam chegar adiantados ao encontro marcado.
Pois com Jesus ainda mais, porque lendo Ele o nosso coração e percebendo o nosso desejo, a nossa vontade de com Ele nos encontrarmos, logo se faz presente, esperando por nós de braços abertos.
Mas nós, os homens pontuais, somos muito exigentes com essa pontualidade, e por isso mesmo, se os outros não chegam à hora marcada, damos-lhes pouca tolerância, e passado um tempo de espera, desistimos do encontro.
Já com o Senhor Jesus, isso não se passa, pois para além da sua “pontualidade” ser uma constante, (porque Ele sempre está à nossa espera), nunca desiste do encontro connosco mesmo que cheguemos muito atrasados, mesmo até que faltemos inúmeras vezes ao encontro.
Aliás, Ele veio ao mundo, fez-se igual a nós em tudo, (excepto no pecado), precisamente para isso, para se encontrar connosco e nos mostrar o caminho da salvação, por isso mesmo a Sua espera por nós, é uma espera permanente, constante, a fim de nos encontrar, para nos conduzir à felicidade eterna na Sua presença.
Por isso mesmo, também a nossa espera para o encontro com Jesus, é uma certeza tão infalível da Sua presença, e assim, apenas O devemos esperar também em serena alegria, preparando-nos em tudo para O receber e encontrando-nos com Ele, o seguirmos sempre e em tudo.
Vêm estas palavras, a propósito da chegada do Tempo do Advento já no próximo Domingo, que poderíamos reconhecer como o tempo da espera na ansiosa alegria, que se concretiza infalivelmente, se assim o desejarmos.
É difícil e inquietante esperar quando se tem dúvidas do que se espera, ou se receia que o esperado não apareça.
Agora, quando se espera por Aquele que se faz sempre presente, que nunca falta ao encontro, e que traz “apenas” o amor, a paz e o bem para nos dar, essa espera é uma tranquilidade, uma serenidade, uma alegria, que só é ultrapassada quando o verdadeiro encontro com Ele se dá, e enchendo-nos por completo, transforma esse encontro em vida plena, em «vida em abundância» (Jo 10,10), para que «a nossa alegria seja completa». (Jo 15, 11)
Vem Senhor Jesus,
nós Te esperamos em ansiosa e serena alegria.

in http://www.abcdacatequese.com/evangelizacao/catequese/1623-preparando-o-advento

I Domingo de Advento B 2011

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1. «Vigiai»! A nós que esperamos ardentemente a manifestação gloriosa de Cristo no final dos tempos, Jesus diz: «vigiai»! A nós que vivemos, entre a primeira e a última vinda do Senhor, Jesus diz: «vigiai»! A nós, a quem o Senhor, ao partir de viagem, confiou a «casa» da Igreja, do mundo e da família, «atribuindo a cada um a sua tarefa», Jesus diz: «vigiai»! Vigiai, pois, não como quem aguarda, com temor, um acontecimento, mas como quem espera, com amor, a vinda de alguém: o Senhor Jesus!
2. “Mas como «vigiar»? Antes de mais, vigia bem, precisamente, quem ama! É o que faz a esposa que aguarda o marido, que se atrasou no trabalho, ou que está de regresso de uma longa viagem. Como faz a mãe que se inquieta com a demora do filho, a chegar a casa. Ou o namorado que está ansioso por encontrar a namorada... Quem ama, sabe esperar, até mesmo quando o outro se demora. Esperamos Jesus, se O amarmos e se desejarmos ardentemente estar com Ele. E esperamo-Lo, amando concretamente, servindo-O, por exemplo, em quem esta próximo de nós. É o próprio Jesus que nos convida a viver assim, ao contar a parábola do servo fiel. Este, enquanto espera o regresso do seu patrão, toma conta dos outros empregados e dos negócios da casa” (C. Lubich, Palavra de Vida, Novembro 2001).
Assim, neste tempo, que é o nosso, importa vigiar, isto é, ser fiel à tarefa que o Senhor confia a cada um, de modo a responder e a corresponder às exigências do evangelho!
3. Permiti-me, por isso, abrir-vos o coração, para vos dizer, que a nossa vigilância, deve traduzir-se, sobretudo, em fidelidade e perseverança! Disse-o de maneira tão bela Bento XVI em Fátima: “A principal preocupação de todo o cristão há de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação. A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo”! São Paulo sabia bem que a rotina e o cansaço dos dias e que a perigosa erosão provocada pelas desilusões da vida ao longo do tempo, pode pôr em risco a fidelidade e fazer esmorecer a fé, a esperança e o amor! Por isso, deixava-nos o apelo a «permaneceremos firmes, até ao fim», numa fidelidade a toda a prova, à imagem do nosso Deus, que é fiel (cf. I Cor.1,8-9).
4. Neste ano dedicado à família, sublinhemos então o valor da fidelidade conjugal. Precisamente, nestes nossos dias, verifica-se o aumento das separações e dos divórcios: eram de 1,1% em 1969; foram de 64,8% em 2009. Neste contexto, a fidelidade dos esposos torna-se, por si só, um testemunho significativo do amor de Cristo, que permite viver o Matrimónio, por aquilo que é, ou seja, a união de um homem e de uma mulher que, com a graça de Cristo, se amam e se ajudam, durante a vida inteira, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Neste sentido, a primeira educação para a fé dos filhos consiste precisamente no testemunho desta fidelidade ao pacto conjugal: dela os filhos aprendem, sem palavras, que Deus é amor fiel, paciente, respeitador e generoso!Esta fidelidade, que é afinal «o nome do amor no tempo», anda, por isso, a par da perseverança, da resistência, no amor e por amor.
5. Caríssimos: É bem sabido que “a infidelidade pode atingir qualquer casal, e até as pessoas com comportamentos norteados por valores morais” (Cláudia Morais, O amor e o facebook, 141) por razões várias: “problemas de comunicação, desconexão emocional, falta de intimidade, perda de um familiar, desemprego, nascimento de um filho ou qualquer outro acontecimento que cause stress” (Ib.27). É, por isso, preciso estar constantemente de “vigia”, sobre as próprias emoções, para não vir a trair o amor! Nomeadamente, é preciso especial vigilância, quanto ao uso da internet e das redes sociais, como o facebook, que ”constituem ferramentas poderosíssimas de aproximação entre pessoas, que se sintam insatisfeitas nas suas relações” (Ib.157). “Segundo um estudo, o facebook é uma fonte de conflitos entre os casais, estando associado a cerca de 28 milhões de divórcios (…) Não me sinto capaz de olhar para o facebook ou para qualquer outra rede social como diabólica, mas há limites, para que o amor não seja negativamente condicionado, por esta evolução tecnológica” (Ib. 167)!
6. Caríssimos casais: lutai pelo amor e testemunhai aos vossos filhos a beleza exigente do amor até ao fim! E naqueles momentos, nos quais sobrevém a tentação, de que a fidelidade já não compensa, resisti firmes na fé e permanecei no amor! No meio da crise, buscai orientação espiritual segura, vigiai e orai, a sós e em família, para não cairdes em tentação e procurai ardentemente a Eucaristia, que é a luz e a força da fé, o sustentáculo da esperança e o calor do vosso amor! Não basta pintar no guarda-chuva, é preciso gravar nos vossos corações as palavras «fidelidade e perseverança», para que «Cristo vos torne firmes até ao fim! Fiel é Deus por quem fostes chamados à comunhão» (I Cor.1,8-9).


domingo, 20 de novembro de 2011

Mensagem de D. Jacinto Botelho, Administrador Apostólico de Lamego


Antes de mais agradeço ao Senhor a magnanimidade da Graça recebida, a confiança que o Beato João Paulo II e o actual Pontífice, Sua Santidade, Bento XVI, em mim depositaram; a vivência de fraternidade com os irmãos no episcopado; igualmente tenho de ser grato ao Senhor pela comunhão e docilidade do Presbitério, pelo testemunho sempre estimulante das religiosas e religiosos e dos membros dos Institutos de vida apostólica; e pela amizade, carinho, e dedicação dos nossos leigos.
Sua Santidade Bento XVI nomeou o Senhor D. António José da Rocha Couto para meu sucessor. Saúdo-o com a maior amizade e consideração e auguro-lhe um episcopado carregado de Bênçãos e êxitos pastorais.
Tenho servido esta Igreja de Lamego que desposei, quase ao longo de 12 anos, como bispo diocesano e continuarei a servi-la, como administrador apostólico, até à tomada de posse do meu sucessor.


Penaliza-me a debilidade e imperfeição da minha resposta e do meu serviço que, confiando na misericórdia de Deus, Ele me perdoará, e vós também sabeis desculpar, como tão generosamente tendes manifestado.
Mas devo agradecer ainda ao Senhor a riqueza de que esta Diocese de Lamego vai beneficiar com a nomeação do Senhor D. António Couto. Natural de Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, Porto, é membro da Sociedade Missionária da Boa Nova e até agora Bispo Auxiliar de Braga, que vários dos nossos sacerdotes conhecem, porque orientou um dos últimos retiros anuais do nosso clero. Trata-se de um Bispo de reconhecida cultura e competência teológica, nomeadamente no campo da Sagrada Escritura, que até ao momento tem sido professor na Faculdade de Teologia do Porto da Universidade Católica. Foi eleito na última Assembleia da Conferência Episcopal para presidir à Comissão agora reestruturada com o pelouro da Missão e Nova Evangelização. Cabe-lhe por isso a responsabilidade de coordenar toda a movimentação em que a Igreja de Portugal se encontra empenhada na linha da Nova Evangelização, o que é uma mais-valia para a nossa Diocese.

Agradeço as orações que permanentemente por mim tendes feito chegar ao Céu, durante o meu ministério episcopal, prática a que continuareis a ser fiéis também pelo nosso novo Bispo que, se Deus quiser, em 29 de Janeiro tomará posse da Diocese, e receberemos com júbilo, numa manifestação viva de fé e de comunhão.

+Jacinto Tomaz de Carvalho Botelho, Administrador Apostólico de Lamego

Novo Bispo de Lamego - D. António Couto

 



Com data de hoje, o Santo Padre nomeou o Sr. D. António José da Rocha Couto como novo Bispo de Lamego, sucedendo, desta maneira, ao Sr. D. Jacinto Tomaz de Carvalho Botelho que, há cerca de um ano, tinha pedido a renúncia ao cargo, por ter atingido os 75 anos de idade.

O Sr. D. António Couto nasceu a 18 de Abril de 1952, em Vila Boa do Bispo, concelho de Marco de Canaveses.

A 2 de Outubro de 1963 entrou no Seminário de Tomar, da Sociedade Portuguesa das Missões Ultramarinas, hoje Sociedade Missionária da Boa Nova. Recebeu a ordenação sacerdotal em Cucujães, em 3 de Dezembro de 1980.

Os primeiros anos de sacerdócio foram vividos no Seminário de Tomar, acompanhando os alunos do 11.º e 12.º anos. No ano lectivo de 1981-1982 foi Professor de Religião e Moral Católica na Escola de Santa Maria do Olival, em Tomar. Em 1982 fez o curso de Capelães Militares, na Academia Militar, e foi nomeado capelão militar do Batalhão de Serviço de Material, do Entroncamento, e, pouco depois, também da Escola Prática de Engenharia, de Tancos.

Transferiu-se depois para Roma, para a Pontifícia Universidade Urbaniana, onde, em 1986, obteve a licenciatura canónica em Teologia Bíblica. Na mesma Universidade obteve, em 1989, o respectivo Doutoramento, depois da permanência de cerca de um ano em Jerusalém, no Studium Biblicum Franciscanum.

No ano lectivo de 1989-1990 foi professor de Sagrada Escritura no Seminário Maior de Luanda. Regressou então a Portugal, e foi colocado no Seminário da Boa Nova, de Valadares, com o encargo da formação dos estudantes de teologia. É professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, núcleo do Porto, desde o ano lectivo de 1990-1991.
De 1996 a 2002 foi Reitor do Seminário do Seminário da Boa Nova, de Valadares. Foi também Vigário Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova de 1999 a 2002, ano em que foi eleito Superior Geral da mesma Sociedade Missionária da Boa Nova, cargo que ocupou até à data da sua Ordenação Episcopal, em 23 de Setembro de 2007.

A SMBN é composta por sacerdotes diocesanos e leigos que se consagram à evangelização. Surgida em Portugal em 1930, dedica-se à evangelização ad gentes em Moçambique (desde 1937), Angola (desde 1970), Brasil (desde 1970), Zâmbia (desde 1980) e Japão (desde 1998).
Em 2004, João Paulo II nomeou o novo Bispo de Lamego como membro da Congregação para a Evangelização dos Povos.

D. António Couto é colaborador do Programa ECCLESIA (RTP2), da Igreja Católica, tendo colaborado regularmente desde 2003, na sua qualidade de biblista.

É autor dos seguintes livros: Até um dia (poemas) 1987; Raízes histórico-culturais da Vila Boa do Bispo (1988); A Aliança do Sinai como núcleo lógico-teológico central do Antigo Testamento (tese de doutoramento), 1990; Como uma dádiva. Caminhos de antropologia bíblica, 2002 (2.ª edição revista em 2005); Pentateuco. Caminho da vida agraciada, 2003 (2.ª edição revista, 2005). E também autor de inúmeros artigos em enciclopédias, colectâneas e revistas.

Na última Reunião Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, foi eleito Presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização.

Ao Sr. D. Jacinto Botelho, toda a Diocese está grata pelo seu incansável ministério ao longo de todos os anos em que esteve à frente dos destinos desta porção do Povo de Deus.

Damos também as boas vindas ao Sr. D. António Couto, na certeza que, desde já, rezamos pela sua pessoa e intenções.

sábado, 19 de novembro de 2011

Mensagem de D.António Couto, novo Bispo de Lamego


Com alegria e confiança de criança, levanto os meus olhos para os montes, para Aquele que guarda a minha vida, de noite e de dia, quando saio e quando entro, desde agora e para sempre! É com esta luminosa melodia do Salmo 121, que canto, neste dia, ao bom Deus, que sei bem que «tem sido o meu pastor desde que existo até hoje» (Génesis 48,15).

D’Ele quero ser transparência pura, sempre, como Ele, pastor que visita, com um olhar repleto de bondade, beleza e maravilha, os seus filhos e filhas que Ele agora me confia. Enche sempre, Senhor, o meu olhar, mãos e coração com a tua presença bela e boa. Que, em mim, sejas sempre Tu a visitar o teu povo. É esta divina maneira de ver bem, belo e bom (episképtomai), que diz o bispo (epískopos) e a visita ou visitação pastoral (episkopê) (Lucas 1,78; 7,16; 19,44).

É nesta toada de comovida oração que saúdo e abraço a bela, antiga e ilustre Diocese de Lamego, todos os filhos e filhas de Deus que nela levantam as mãos e o coração para Deus, desde os mais pequeninos até aos mais idosos, todos e todas as comunidades e paróquias, com os/as seus/suas catequistas, cantores, acólitos, leitores, zeladoras, confrarias, movimentos, ministros da comunhão, animadores da caridade, seminaristas, institutos religiosos e seculares, diáconos, presbíteros, serviços e secretariados, colégio de consultores e cabido da Sé Catedral, e o meu querido amigo e irmão no episcopado, D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho, a quem saúdo com particular afecto.
Estarei amanhã [domingo], Dia da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, em comunhão com todos vós na celebração do Dia da Igreja Diocesana, e sentirei convosco «A Família e a Igreja nos caminhos da Nova Evangelização». Que o Senhor a quem servimos e que nos mandou servir os nossos irmãos mais pequeninos encha das suas graças o jovem Ricardo Jorge Ribeiro Barroco, que amanhã receberá a Ordenação Diaconal. Para todos invoco a bênção de Cristo Rei, e a protecção de S. Sebastião, Padroeiro da nossa Diocese de Lamego, e de Maria, Mãe de Deus e nossa mãe, que particularmente invocamos como Nossa Senhora dos Remédios.

Quero, nesta hora de graça, manifestar também o meu afecto e gratidão à Igreja Bracarense, que Deus me deu a graça de servir nos últimos quatro anos. O meu abraço grato e fraterno ao Senhor Arcebispo Primaz, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, e ao Senhor Manuel da Silva Rodrigues Linda., que tem sido comigo Bispo Auxiliar. As minhas mais afectuosas saudações a todos aqueles que, nestes quatro anos, Deus colocou no meu caminho: presbíteros, diáconos, seminaristas, fiéis leigos empenhados no «trabalho do amor» (1 Tessalonicenses 1,3) e o bom povo de Deus, a quem tanto fico a dever.

À Igreja de Lamego que servirei agora, à Igreja de Braga que servi nestes quatro anos, à Sociedade Missionária da Boa Nova que me acolheu desde criança e em cujo seio aprendi a dilatar o coração, e a todas as Igrejas por onde tive a graça de passar e de servir, a todos peço que «luteis comigo na oração» (Romanos 15,30) para que eu possa ser sempre fiel à causa do Evangelho.

Esta hora de graça serve ainda para atestar a minha fidelidade, comunhão e gratidão ao nosso Papa Bento XVI, e também a minha lealdade e comunhão ao Senhor Núncio Apostólico em Portugal, D. Rino Passigato, e a todo o Colégio Episcopal.


Braga, 19 de novembro de 2011, Memória de Santa Maria no Sábado
D. António José da Rocha Couto

Solenidade de Cristo Rei A 2011

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O Evangelho de hoje explica-nos como é que podemos “arranjar bilhete” para entrar na corte celeste, onde Cristo está sentado num trono glorioso. Ali, a lotação nunca esgota. O bilhete é gratuito mas não elimina a responsabilidade do Homem. Por isso há Porteiro e o ambiente é seleccionado. Diariamente somos confrontados com o Cristo que passa, mendigo de amor, peregrino, doente. Podemos fazer caso ou deixá-lo passar despercebido. Podemos ser como as ovelhas ou como os cabritos.

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1. Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo! Assim O proclamamos, mesmo sabendo que Jesus rejeitou o título de rei, quando este tinha um significado político, à maneira dos "chefes das nações" (Mt 20, 24). Ao contrário, durante a sua paixão, ele reivindicou uma singular realeza diante de Pilatos e respondeu: "Tu o dizes, eu sou rei" (Jo 18, 37); mas pouco antes Jesus tinha declarado: "o meu reino não é deste mundo" (Jo 18, 36). De facto, a realeza de Cristo é a atuação da realeza de Deus Pai, que governa todas as coisas com amor e com justiça!
2. O Evangelho insiste precisamente sobre a realeza universal de Cristo juiz, com a maravilhosa parábola do juízo final! As imagens são simples, a linguagem é popular, mas a mensagem é extremamente importante: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre o critério com o qual seremos avaliados: as obras de misericórdia. "Tive fome e deste-me de comer. Tive sede e deste-me de beber. Era forasteiro e recolheste-me" (Mt 25, 35) e assim por diante. Quem não conhece esta página? Faz parte da nossa civilização. Marcou a história dos povos de cultura cristã: a hierarquia de valores, as instituições, as numerosas obras benéficas e sociais. De facto, o reino de Cristo não é deste mundo, mas realiza todo o bem que, graças a Deus, existe no homem e na história. Se pomos em prática o amor ao nosso próximo, segundo a mensagem evangélica, então criamos espaço para o senhorio de Deus, e o seu reino realiza-se no meio de nós. Se ao contrário, cada um pensa só nos próprios interesses, o mundo vai inevitavelmente em ruínas!
3. É bom recordarmos hoje o teste definitivo da nossa existência. Esta será a pergunta: «que fizeste tu a esse irmão que encontraste a sofrer no teu caminho»? Nós gostaríamos de poder resolver tudo duma forma muito simples: dando dinheiro, trazendo a nossa esmola e contribuindo nos peditórios! Mas as coisas não são tão simples. «As exigências do amor que aqui se indicam não se satisfazem com o dinheiro, pela simples razão de que a própria forma de adquirir esse dinheiro volta a fazer crescer a pobreza que se quer remediar» (Joann Baptist Metz). O amor aos necessitados não pode ficar reduzido a «dar dinheiro», até porque não tem sentido mostrar a nossa solidariedade ao necessitado, com dinheiro adquirido, talvez de maneira injusta e sem compaixão de nenhuma espécie! Para o homem bíblico, «dar esmola» é mais do que isso: equivale a «fazer justiça» em nome de Deus, àqueles a quem os homens a não fazem!
4. A tradição das obras de misericórdia encontra, hoje, uma renovada atualidade, precisamente porque vai ao encontro de algo essencial, que corre hoje o risco de se perder na piedade dos nossos discursos e das nossas práticas religiosas: ou seja, a caridade é um encontro de rostos, discernimento concreto das necessidades do corpo e da alma, é gesto e palavra, capacidade de relação, de escuta e de atenção. É, por isso, atividade eminentemente espiritual, precisamente no seu acontecer, no corpo, e graças ao corpo. É cuidado do outro e ação pelo outro e, ao mesmo tempo, cuidado de si e ação e trabalho sobre si, de modo que quem bem o faz, para si o faz. «Faz isto e viverás», diz a Escritura (cf. Lv 18,5; Dt 4,1; 5,29; 6,24; Lc 10,28).
5. Numa época em que o virtual se sobrepõe ao real, é preciso questionar uma certa caridade “à distância”, sem encontro frente a frente, sem compromisso pessoal, sem gestos de proximidade! Uma caridade reduzida a filantropia ou a beneficência social poderá revelar o encontro com Cristo no outro?! Nestes tempos difíceis, voltar às obras de misericórdia significa apreender a caridade, como arte do encontro, como arte da relação, como arte de viver, mas significa sobretudo novo impulso de humanidade, para não permitir que o cinismo, a barbárie e a indiferença levem a melhor! No final da vida, o decisivo não é afinal a fé, nem a religião, nem a boa intenção. No final da vida, seremos julgados, diante do grande amor divino, seremos julgados pelo simples e verdadeiro amor humano!

Seminário: Casa e Escola Sacerdotal





Ao longo dos últimos dias vivemos um tempo importantíssimo para a Igreja: a Semana dos Seminários.

Na verdade todas as semanas ao longo do ano são períodos de oração pelos seminários, mas nesta semana em particular todos os fiéis são convidados a “redobrar” as atenções no que se refere à vida dessas Casas e Escolas Sacerdotais.

Deste modo, ao vivermos a Semana dos Seminários a nossa atenção e a nossa oração centrou-se nos seminaristas e formadores dos nossos seminários de Resende e Lamego. Sem dúvida nenhuma é por causa daqueles que existem essas casas chamadas de “Coração da diocese”. “Os seminários, mais do que as casas ou as estruturas, são as pessoas.”

Para começar essa semana de oração o seminário quis aproximar-se do Povo Cristão, e por isso mesmo, no dia 6 de Novembro o Sr. Reitor e o Sr. Vice-reitor do Seminário de Lamego juntamente com alguns seminaristas estiveram presentes em várias Paróquias com vista para o Douro: Castanheiro, Ervedosa , Soutelo, São João da Pesqueira,Trevões e Valença, espaço pastoral do Sr. Padre Amadeu e do Sr. Padre José Filipe e neste momento lugar de estágio do Seminarista Ricardo Barroco que será ordenado Diácono no próximo dia 20 de Novembro.

Ao longo da semana tivemos a Graça de sermos visitados por vários sacerdotes que celebraram a Santa Missa e que nos deixaram os seus testemunhos vocacionais e apelos sábios. Foram várias as palavras importantes que ouvimos nesta semana sendo difícil referir tudo aquilo que aprendemos com o Pe. Manuel João, Pe. Tiago Cardoso, Pe.António Ferraz, Pe. Francisco, Pe. Carlos e com o Mons. Bouça Pires.
“Sem oração não conseguimos fazer nada, e se fazemos é vazio!” Este foi um dos muitos ensinamentos que aprendemos nesta semana.

Na mesma vertente de oração do ministério Sacerdotal fomos convidados a estar preparados e atentos às necessidades das comunidades, sendo alertados para o imperativo do testemunho e da alegria: “Não deixem para amanhã a oportunidade de serem felizes hoje!”

Sem dúvida nenhuma o Sacerdócio é um caminho de entrega e por isso mesmo é um caminho de felicidade que devemos trilhar desde cedo. Aliás, olhando para os nossos seminários, faz-nos bem recordar com alegria as palavras com que o Santo Padre saudou os seminaristas em Madrid “Vendo-vos, comprovo de novo como Cristo continua a chamar jovens discípulos para fazer deles seus apóstolos, permanecendo assim viva a missão da Igreja e a oferta do evangelho ao mundo”.

Um dos momentos altos desta semana foi sem dúvida a Vigília de Oração que se realizou na Capela do Seminário Maior de Lamego. Foi contentador ver a Capela cheia de Fiéis: Jovens, Crianças, Adultos, Idosos, Sacerdotes, Seminaristas, Irmãs Consagradas, etc. A Vigília, presidida pelo Sr. Bispo,  consistiu num momento de Adoração ao Santíssimo Sacramento, havendo também um tempo para escutarmos o testemunho do Sr. Pe.  Rui Borges e do seminarista Ricardo Barroco assim como uma reflexão de D. Jacinto Botelho na qual escutamos que “a vocação surge na oração e vivifica-se constantemente pela oração”.

No dia 13 de manhã “o Seminário deslocou-se” até á Paróquia de Magueija, onde orientou uma catequese para as crianças e jovens seguida da Celebração da Santa Missa.  Na parte da Tarde os seminaristas que integram a equipa do Secretariado das Vocações, juntamente com mais alguns membros desse secretariado “caminharam” até Ariz para realizarem um momento de Acção Vocacional e participarem no Magusto comunitário.

            Sem duvida alguma tratou-se de uma semana importantíssima para toda a Diocese. Ao longo destes dias o Povo de Deus esteve atento, orante e solidário para com a Casa e Escola Sacerdotal… “casa de sinais vivos de Cristo Pastor”. Rezemos todos pelos nossos Seminários e peçamos ao Senhor da Messe que envie bons e Santos operários correspondentes à Sua vontade e Sob a protecção constante de Nossa Senhora e de São José.



Luís Rafael Azevedo