Bem Vindo ao Blog da Paróquia de Vila da Ponte -Arciprestado de Sernancelhe - Diocese de Lamego

"A opção fundamental da Vida de um Cristão é acreditar no Amor de Deus" Bento XVI

domingo, 23 de outubro de 2011

XXX Domingo Comum A 2011

XXX Domingo do Tempo Comum A


O Antigo Testamento insiste no amor de Deus ao seu Povo e aí funda a obrigação de ir ao encontro dos mais necessitados e desprotegidos, como vamos ouvir na passagem do Livro do Êxodo que a Igreja hoje nos propõe. Com Jesus, esta lei do amor atinge o seu cume, pois é para todos, para o próximo, seja ele quem for, e para Deus. Esta impossibilidade de separar Deus e o Homem unifica-nos e não permite que pensemos nos outros como nossos rivais.

***********************************************************************************

1. Da política ao catecismo, os fariseus experimentam Jesus, em todas as matérias. Passamos da questão fiscal, ao problema moral. Agora a dúvida é sobre o principal mandamento! E é pressuposto que o “Mestre” tenha, para isso, uma resposta clara. De facto, numa floresta de seiscentas e treze obrigações e proibições, a que o judeu piedoso se obrigava, era difícil encontrar a raiz de tudo, e saber por que mandamento começar.
2. Na resposta de Jesus, não há palavras novas! Jesus recorre a dois textos bem conhecidos, dos livros da Lei, do Antigo Testamento. O primeiro, do livro de Deuteronómio, falava-nos do «amar a Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente» (Dt.6,4-5), pondo de parte um amor apenas sentimental ou devoto, para fazer deste amor a Deus, uma conformação da vontade, um compromisso, uma entrega pessoal e total ao Senhor. Mas Jesus saca ainda de outro texto da Lei, do livro do Levítico, lembrando o dever de «amar o próximo como a si mesmo» (Lev.19,18). Está aí o critério de verdade do amor a Deus. Jesus parece dizer: o essencial é amar. O amor é tudo!
3. Onde está então a novidade do ensinamento de Jesus? Que acrescentou Jesus, de novo, àquilo que o escriba já sabia das Escrituras?
Em primeiro lugar, a originalidade deste ensinamento está no facto de Jesus ligar íntima e indissociavelmente um mandamento ao outro! Assim, na perspectiva de Jesus, o “amor a Deus” e o “amor aos irmãos” não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. «Os discípulos de Jesus nunca poderão separar estes dois amores. Tal como, numa árvore, não se podem separar as raízes da sua copa: quanto mais amarem a Deus, mais intensificam o amor aos irmãos e às irmãs; quanto mais amarem os irmãos e as irmãs, mais aprofundam o amor a Deus» (C. Lubich).
Outra originalidade na resposta de Jesus está no alcance e no significado da palavra «próximo». “Enquanto o conceito de «próximo», até então, se referia essencialmente aos concidadãos e aos estrangeiros que se tinham estabelecido na terra de Israel, ou seja, à comunidade solidária de um país e de um povo, agora este limite é abolido. Qualquer um que necessite de mim e eu possa ajudá-lo, é o meu próximo. O conceito de próximo fica universalizado, sem deixar todavia de ser concreto. Apesar da sua extensão a todos os homens, não se reduz à expressão de um amor genérico e abstracto, em si mesmo pouco comprometedor, mas requer o meu empenho prático aqui e agora. Amor a Deus e amor ao próximo fundem-se num todo: no mais pequenino, encontramos o próprio Jesus e, em Jesus, encontramos Deus” (Bento XVI, DCE 15).
Apesar de tudo, Jesus, como ouvimos, não começou pelo mandamento do amor ao próximo, mas sim pelo mandamento do amor a Deus. Porque afinal, todo o amor vem de Deus! O amor a Deus e o amor ao próximo, a paixão por Deus e a compaixão pelo próximo bebem da mesma fonte: o amor de Deus, aquele Amor com que Deus primeiro nos amou (I Jo.4,10)! O amor que nos é pedido é, portanto, uma resposta ao Amor, que nos é dado. É pela graça deste único amor de Deus, que amamos a Deus e ao próximo! O amor a Deus é sempre prioritário, pois sem o amor de Deus em nós, o outro nunca se torna o meu próximo, nem eu me torno próximo do outro.
4. Caríssimos irmãos:
Temos pela frente, um ano dificílimo, com a maior recessão económica, que se conhece, em tempos de democracia. Por isso, o amor, de que aqui se fala, “com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito” não é apenas o amor virtual ou sentimental dos beijos e dos abraços, mas é sobretudo o «esforço da caridade» (I Tes.1,3), o amor braçal, que conta com a força das minhas mãos: um amor traduzido em pedaços de proximidade e ajuda, em atenção concreta e partilha verdadeira!
Não deixemos que o medo do futuro possa inibir ou retrair a nossa generosidade. Esta é a altura de poupar e gastar menos, para investir mais nos outros! Sejamos capazes de tecer uma vasta rede de proximidade e de solidariedade, a partir da própria família, onde a caridade é sempre mais secreta e discreta, mais próxima do mais próximo. Mas não há-de parar aí a corrente do amor, pois o próximo não é apenas a pessoa do meu sangue; é também o vizinho, o homem da rua, que perdeu o emprego; é o estrangeiro desorientado; é também aquele que já suporta, com a fome do essencial, o peso dos seus encargos! É aquele que está a meu lado e sobre o qual posso poisar a minha mão! Muitas vezes o nosso próximo é o mais «distante»!
5. Neste contexto, fica então claro para todos: “O amor ao próximo é a nossa estrada para encontrar a Deus! E o fechar os olhos diante do próximo torna-nos cegos também diante de Deus” (Bento XVI, DCE 16). Por isso, estejamos bem atentos, porque o amor não é cego! O amor dá-nosum coração que vê. «Este coração vê onde há necessidade de amor e age, de acordo com isso» (Bento XVI, DCE 31). Ora, a caridade dá muito que fazer!

domingo, 16 de outubro de 2011

Vigilia Missionária - 29 de Outubro de 2011 - 21h00

Homilia no XXIX Domingo do Tempo Comum A 2011

XXIX Domingo do Tempo Comum A



A primeira leitura e o Evangelho que vamos escutar, ao referirem o poder das grandes potências políticas, os impérios deste mundo, realçam a diferença extrema entre eles e o poder de Deus: os primeiros não raro se corrompem e acabam por servir-se dos seus súbditos; mas Deus manifesta a Sua glória e o Seu poder na exaltação dos seus filhos.


**********************************************************************************


1. E volta à carga, a carga fiscal! Também, no tempo de Jesus, metade do orçamento era para pagar impostos, ainda por cima, a uma potência estrangeira! Por isso, a pergunta a Jesus, que não é Prémio Nobel da Economia, cheira-nos bem a hipocrisia! É uma espécie de cilada, para apanhar Jesus, no que dissesse. “Deve-se ou não pagar o tributo a César”, perguntaram fariseus e herodianos, agora unidos numa coligação negativa, contra Jesus, o seu inimigo comum! Jesus deu a resposta, que fez história na história: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». Deste modo, Jesus relega a questão política dos direitos de César, para urgir e lembrar os direitos de Deus! De modo simples, Jesus parece dizer: se a imagem e a inscrição da moeda são de César, não há por que lhe negar esse direito: o seu a seu dono! Mas Jesus vai mais longe e mete “Deus” na conversa, para dizer: só a Deus, pertencem o céu e a terra, só a Deus pertenceis vós, que fostes criados à sua imagem (Gen.1,27) e tendes os vossos nomes inscritos nos céus (Lc.10,10)! Podeis e deveis comprometer-vos, com o mundo, com a sua transformação. Mas não sereis do mundo, isto é, não fareis de nenhum senhor deste mundo, nem do dinheiro, nem de qualquer outro poder, o vosso Deus! A Deus o que é de Deus! Só Ele é o Senhor e não há outro. São Paulo dirá: “Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (I Cor.3,22-23)!
2. Com esta resposta, Jesus não nos diz que uma “metade” do ser humano ou do nosso mundo, pertence a César, e a outra metade a Deus! Seria um erro pensar que a primeira metade, a parte material, social, cultural e política da nossa vida, deva ser entregue aos poderes deste mundo; e, nesse sentido, a outra metade, a mais pessoal, religiosa, espiritual, ou interior, seria reservada para Deus. Não. Trata-se simplesmente de colocar Deus, como único Senhor, a quem nos damos, devemos e servimos. E, em nome deste Deus e do Reino que nos confia, comprometermo-nos na transformação deste mundo real, a que nos envia.
3. Estamos a iniciar a semana das Missões. E o Santo Padre vem recordar-nos precisamente que a missão universal, «empenha todos, tudo e sempre». Neste «tudo», estão as duas metades, as duas faces da mesma moeda: o compromisso pelo anúncio de Deus, e o compromisso com a transformação deste mundo!
4. Por isso, a primeira coisa, na nova evangelização, é colocar Deus, no coração da nossa vida e do nosso mundo, não O guardar para si, nem O esconder no espaço da intimidade pessoal! É preciso dar visibilidade a Deus, na grande praça pública deste mundo, para que, em tudo e sempre, Ele tenha o primeiro lugar!
Esta prioridade é uma urgência, num nosso tempo, como o nosso, em que “está em curso, uma mudança cultural, que leva a uma mentalidade e a um estilo de vida, que dispensam a o evangelho, como se Deus não existisse, e que exaltam a busca do bem-estar, do lucro fácil, da carreira e do sucesso, como finalidade da vida, mesmo em detrimento dos valores morais”.
Por isso, já dizia Paulo VI, “não é aceitável, que na evangelização, se descuidem os temas relativos à promoção humana, à justiça, à libertação de todas as formas de opressão, obviamente no respeito pela autonomia da esfera política. Desinteressar-se dos problemas temporais da humanidade significaria ignorar a doutrina do Evangelho sobre o amor ao próximo” (EN, 31.34).Porque o próximo é a outra face de Deus!
Assim se vê, que, ali, onde se esquecem os direitos de Deus e Deus é negado, também se ignoram os direitos do Homem e o homem é diminuído e desprezado!
5.O que de melhor podemos dar a César e a Deus, isto é, à causa do Reino de Deus neste mundo, é uma fé activa e comprometida, numa caridade esforçada por servir e amar a todos, dando assim ao mundo razões de uma esperança firme! Deste modo, o que nos é pedido é muito simples: estar no mundo sem ser do mundo!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Outubro Misssionário - Mensagem de Sua Santidade Bento XVI





“Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20, 21).



Queridos irmãos e irmãs,



Por ocasião do Jubileu do Ano 2000, o Venerável João Paulo II, no início de um novo milénio da era cristã, reiterou com força a necessidade de renovar o compromisso de levar a todos o anúncio do Evangelho, com «o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora» (Carta Apost. Novo Millennio Ineunte, 58). É o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa individualmente em busca das profundas razões para viver a própria existência em plenitude. Por isso, aquele mesmo convite ressoa cada ano na celebração do Dia Mundial Missionário. Com efeito, o anúncio incessante do Evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor e o seu espírito apostólico, renova os seus métodos pastorais para que sejam cada vez mais apropriados às novas situações – inclusive àquelas que exigem uma nova evangelização - e animados pelo impulso missionário: «A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece! A nova evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e apoio no empenho pela missão universal» (João Paulo II, Enc. Redemptoris Missio, 2).




Ide e anunciai



Esta finalidade é continuamente renovada pela celebração da liturgia, de maneira especial da Eucaristia, que se conclui sempre fazendo ressoar o mandato de Jesus ressuscitado aos Apóstolos: «Ide....»  (Mt 28, 19). A liturgia é sempre um chamamento «do mundo» e um novo envio «ao mundo» para dar testemunho daquilo que se experimenta: o poder salvífico da Palavra de Deus, o poder salvífico do Mistério Pascal de Cristo. Todos aqueles que encontraram o Senhor ressuscitado sentiram a necessidade de O anunciar aos outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús. Depois de terem reconhecido o Senhor na fracção do pão, eles «partiram sem hesitação e voltaram para Jerusalém. Aí encontraram reunidos os Onze» e contaram o que lhes tinha acontecido ao longo do caminho (Lc 24, 33-35). O Papa João Paulo II exortava a sermos «vigilantes e prontos para reconhecer o seu rosto e correr a levar aos nossos irmãos o grande anúncio: “Vimos o Senhor!”» (Carta Apost. Novo Millennio Ineunte, 59).



A todos



Destinatários do anúncio do Evangelho são todos os povos. A Igreja, «é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na “missão” do Filho e do Espírito Santo» (Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Ad Gentes, 2). Esta é « a graça e a vocação própria da Igreja (…) Ela existe para evangelizar» (Paulo VI, Exort. Apost. Evangelii Nuntiandi, 14). Por conseguinte, nunca pode fechar-se em si mesma. Ela alicerça-se em determinados lugares, para ir mais além. A sua obra, em adesão à palavra de Cristo e sob o influxo da sua graça e da sua caridade, faz-se plena e actualmente presente a todos os homens e a todos os povos, para os conduzir rumo à fé em Cristo (cf. Ad Gentes, 51).

Esta tarefa não perdeu a sua urgência. Pelo contrário, «a missão de Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento… uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço» (João Paulo II, Enc. Redemptoris Missio, 1). Não podemos permanecer tranquilos ao vermos  que, depois de dois mil anos, ainda existem povos que não conhecem Cristo e ainda não ouviram a sua Mensagem de salvação.

Além disso, está a aumentar o número daqueles que, embora tenham recebido o anúncio do Evangelho, já o esqueceram e abandonaram, já não se reconhecem na Igreja; e muitos ambientes, também em sociedades tradicionalmente cristãs, são hoje refractários a abrir-se à palavra da fé. Está em curso uma mudança cultural, alimentada também pela globalização, por movimentos de pensamento e pelo relativismo imperante, uma mudança que leva a uma mentalidade e a um estilo de vida que prescindem da Mensagem evangélica, como se Deus não existisse, e que exaltam a busca do bem-estar, do lucro fácil, da carreira e do sucesso como finalidade da vida, mesmo em detrimento dos valores morais.



Co-responsabilidade de todos



A missão universal empenha todos, tudo e sempre. O Evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a compartilhar, uma boa notícia a comunicar. E este dom-compromisso é confiado não apenas a alguns, mas sim a todos os baptizados, que são «raça escolhida... nação santa, povo adquirido por Deus» (1 Pd 2, 9), para que proclame as suas obras maravilhosas.

Ela, a missão universal, envolve também todas as actividades da Igreja. A atenção e a cooperação na obra evangelizadora da Igreja no mundo não podem ser limitadas a alguns momentos e ocasiões particulares, e nem sequer podem ser consideradas como uma das numerosas actividades pastorais: a dimensão missionária da Igreja é essencial, e portanto deve ser sempre considerada. É importante que tanto os indivíduos baptizados como as comunidades eclesiais estejam interessados, não de modo esporádico e irregular na missão, mas de maneira constante, como forma de vida cristã. O próprio Dia Mundial Missionário não constitui um momento isolado no curso do ano, mas é uma ocasião preciosa para nos determos e meditarmos se e como respondemos à vocação missionária; uma resposta essencial para a vida da Igreja.



Evangelização global



A evangelização é um processo complexo e compreende vários elementos. Entre eles está a atenção peculiar que a animação missionária sempre deu  à solidariedade. Esta é também uma das finalidades do Dia Mundial Missionário que, através das Obras Missionárias Pontifícias, solicita a ajuda para o cumprimento das tarefas de evangelização nos territórios de missão. Trata-se de apoiar instituições necessárias para estabelecer e consolidar a Igreja mediante os catequistas, os seminários e os sacerdotes; e também de oferecer a própria contribuição para o melhoramento das condições de vida das pessoas em países onde são mais graves os fenómenos de pobreza, subalimentação sobretudo infantil, enfermidades, carência de serviços médicos e para a instrução. Também isto faz parte da missão da Igreja. Anunciando o Evangelho, ela toma a peito a vida humana em pleno sentido. Não é aceitável, reiterava o Servo de Deus Paulo VI, que na evangelização se descuidem os temas relativos à promoção humana, à justiça, à libertação de todas as formas de opressão, obviamente no respeito pela autonomia da esfera política. Desinteressar-se dos problemas temporais da humanidade significaria «ignorar a doutrina do Evangelho sobre o amor ao próximo que sofre ou que se encontra em necessidade» (Exort. Apost. Evangelii Nuntiandi, 31.34); não estaria em sintonia com o comportamento de Jesus, que «percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo o mal e toda a enfermidade» (Mt 9, 35).

Assim, através da participação co-responsável na missão da Igreja, o cristão torna-se construtor da comunhão, da paz, da solidariedade que Cristo nos concedeu, e colabora para a realização do plano salvífico de Deus para toda a humanidade. Os desafios  que isso implica chamam os cristãos a caminhar juntamente com os outros, e a missão faz parte integrante deste caminhar com todos. Nela nós levamos, ainda que  em vasos de barro, a nossa vocação cristã, o tesouro inestimável do Evangelho, o testemunho vivo de Jesus morto e ressuscitado, encontrado e acreditado na Igreja.

O Dia Mundial Missionário reavive em cada um o desejo e a alegria de «ir» ao encontro da humanidade levando Cristo a todos. No seu nome, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica, em particular a quantos mais se cansam e sofrem por causa do Evangelho.



Vaticano, 6 de Janeiro de 2011,

Solenidade da Epifania do Senhor.

                                                                       




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

XXVIII Domingo do Tempo Comum A 2011

XXVIII Domingo do Tempo Comum A


O profeta Isaías apresenta-nos a salvação de Deus sob a imagem do banquete universal em Sião, num ambiente de festa e alegria. A mesma metáfora surge no Evangelho. Ao escutarmos a parábola dos convidados para o banquete, vemos que o Reino de Deus é um reino de porta aberta, embora suponha a possibilidade de alguns recusarem o convite. O nosso banquete é Cristo, que na Eucaristia Se dá como alimento para atrair a Si toda a humanidade, como recorda São Paulo

**********************************************************************************

1. Não e não. Pela terceira vez, «não»! E mais uma vez, a estranha desilusão, deste «rei e senhor», a quem se recusa o convite, para o banquete nupcial do Filho! Este «rei» é figura do Deus, que se revela em Jesus: um Deus, que afinal vem até nós, e quer sentar-se connosco à mesa! E, por isso, e não por acaso, Deus entrou neste nosso mundo, pela porta da alegria, quando deu o primeiro sinal do seu amor, precisamente nas bodas de Caná! Este Deus da alegria e da festa parece cair mal no goto de quem preferia uma religião da dor, do sacrifício e das vestes de luto,em vez de uma liturgia de mesa farta e alegria perene! Estamos, portanto, perante uma recusa inaceitável e indigna a um convite, que, apesar de tudo, não caduca com o tempo e abre portas a todos os que andam fora do templo! Esta é mais uma vez a história do amor não amado, do nosso Deus, rejeitado!
2. Precisamente, neste nosso tempo, conhecemos muito bem o "não" de quantos foram convidados, em primeiro lugar. De facto, a cristandade ocidental, da velha Europa, isto é, os "primeiros convidados", são agora, em grande parte, aqueles que se recusam, os que não têm tempo para se encontrar com o Senhor, os que abandonam e depreciam o banquete da Eucaristia! E, em alguns casos, esta indiferença e banalidade, chega mesmo a ser hostilidade e ódio! Enquanto, por exemplo, na Europa, se contesta o Papa e a Igreja, e se renegam as raízes da fé, em África e na Ásia, a Igreja cresce, todos os dias. Há já mais católicos praticantes na China do que em toda a Europa!
3. Talvez nos devêssemos perguntar: Porquê esta rejeição, indiferente ou obstinada, ao convite de Deus? Na parábola, o Senhor refere dois motivos: o desejo da posse e a trama das nossas relações sociais e laborais, que envolvem totalmente as pessoas, a ponto de pensarem que já não precisam de mais nada para encher totalmente o seu tempo e, por conseguinte, a sua existência interior. Parece-nos mesmo impossível que a pessoa diga não ao que há de maior; que não tenha tempo para o que é mais importante, que feche em si mesmo a própria existência. Pensemos bem: Na realidade, estes nunca fizeram a experiência de Deus; nunca tiveram o gosto de Deus; nunca provaram e saborearam como o Senhor é bom! Faltou-lhes este contacto e com ele o gosto de Deus. Ora, só experimentando o gosto pelas coisas de Deus, é que corresponderemos com alegria, ao seu convite!
4. Mas a nossa pergunta vai mais longe: Como é possível que alguém nem sequer queira "provar" Deus? Responderíamos ainda, com São Gregório: Quando a pessoa está totalmente absorvida pelo seu mundo, pelas suas coisas materiais, preocupada apenas com aquilo que pode fazer, obcecada com o que lhe confere sucesso, com tudo o que pode produzir ou explicar por si, então a sua capacidade de percepção de Deus enfraquece-se, os seus sentidos dirigidos para Deus debilitam-se, tornam-se incapazes de O compreender e sentir. Então pode acontecer que o sentido de Deus se desvaneça ou acabe por morrer!
5. Que fazer então, perante o cenário de tantos e tantos que declinam este convite? A nossa tarefa é contribuir, para que as pessoas possam provar e sentir de novo o gosto de Deus. Temos de voltar a desenvolver a capacidade de percepção de Deus, que existe em nós. E que nós próprios entremos num contacto vivo com Deus, com o Senhor Jesus. Que em nós se fortaleçam os sentidos dirigidos para Deus. Isto animará também o nosso agir, porque também nós corremos um perigo: podemos fazer muitas coisas, na Igreja e pela Igreja, por Deus e para Deus, podemos vir e entrar aqui, mas sem encontrar esse Deus vivo, sem nunca O sentir e pressentir, sem nunca O conhecer e saborear. Nessa altura, o compromisso substitui a fé, mas depois esvazia-se interiormente. Revistamo-nos, pois, dos sentimentos de Cristo, com as vestes da festa e da alegria! E outros poderão assim não resistir a tal convite!~

in http://www.abcdacatequese.com/evangelizacao/cartaz-da-semana/1565-xxviii-domingo-do-tempo-comum-a

terça-feira, 4 de outubro de 2011

São Francisco de Assis, audiência Papa Bento XVI

PAPA BENTO XVI AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2010

São Francisco de Assis

Queridos irmãos e irmãs,

Numa catequese recente, já ilustrei o papel providencial que a Ordem dos Frades Menores e a Ordem dos Padres Pregadores, fundadas respectivamente por São Francisco de Assis e por São Domingos de Gusmão, tiveram na renovação da Igreja do seu tempo. Hoje gostaria de vos apresentar a figura de Francisco, um autêntico "gigante" da santidade, que continua a fascinar muitíssimas pessoas de todas as idades e religiões.

"Nasceu no mundo um sol". Com estas palavras, na Divina Comédia (Paraíso, Canto XI), o sumo poeta italiano Dante Alighieri alude ao nascimento de Francisco, ocorrido entre o final de 1181 e o início de 1182, em Assis. Pertencente a uma família rica o pai era comerciante de tecidos Francisco transcorreu uma adolescência e uma juventude tranquilas, cultivando os ideais cavalheirescos da época. Com vinte anos participou numa campanha militar, e foi aprisionado. Adoeceu e foi libertado. Depois do regresso a Assis, começou nele um lento processo de conversão espiritual, que o levou a abandonar gradualmente o estilo de vida mundano, que tinha praticado até então. Remontam a esta época os célebres episódios do encontro com o leproso, ao qual Francisco, descendo do cavalo, deu o ósculo da paz, e da mensagem do Crucifixo na pequena Igreja de São Damião. Três vezes Cristo na Cruz se animou, e disse-lhe: "Vai, Francisco, e repara a minha Igreja em ruínas". Este simples acontecimento da palavra do Senhor ouvida na igreja de São Damião esconde um simbolismo profundo. Imediatamente São Francisco é chamado a reparar esta pequena igreja, mas o estado de ruínas deste edifício é símbolo da situação dramática e preocupante da própria Igreja naquele tempo, com uma fé superficial que não forma e não transforma a vida, com um clero pouco zeloso, com o refrear-se do amor; uma destruição interior da Igreja que implica também uma decomposição da unidade, com o nascimento de movimentos heréticos. Contudo, no centro desta Igreja em ruínas está o Crucifixo e fala: chama à renovação, chama Francisco a um trabalho manual para reparar concretamente a pequena igreja de São Damião, símbolo da chamada mais profunda a renovar a própria Igreja de Cristo, com a sua radicalidade de fé e com o seu entusiasmo de amor a Cristo. Este acontecimento, que aconteceu provavelmente em 1205, faz pensar noutro evento semelhante que se verificou em 1207: o sonho do Papa Inocêncio III. Ele vê em sonhos que a Basílica de São João de Latrão, a igreja-mãe de todas as igrejas, está a desabar e um religioso pequeno e insignificante ampara com os seus ombros a igreja para que não caia. É interessante notar, por um lado, que não é o Papa quem dá ajuda para que a igreja não desabe, mas um religioso pequeno e insignificante, que o Papa reconhece em Francisco que o visita. Inocêncio III era um Papa poderoso, de grande cultura teológica, assim como de grande poder político, contudo não é ele quem renova a Igreja, mas um religioso pequeno e insignificante: é São Francisco, chamado por Deus. Por outro lado, é importante observar que São Francisco não renova a Igreja sem ou contra o Papa, mas em comunhão com ele. As duas realidades caminham juntas: o Sucessor de Pedro, os Bispos, a Igreja fundada na sucessão dos Apóstolos e o carisma novo que o Espírito Santo cria neste momento para renovar a Igreja. Ao mesmo tempo, cresce a verdadeira renovação.

Voltemos à vida de São Francisco. Dado que o pai Bernardone lhe reprovava a demasiada generosidade para com os pobres, Francisco, diante do Bispo de Assis, com um gesto simbólico despojou-se das suas roupas, com a intenção de renunciar assim à herança paterna: como no momento da criação, Francisco nada possui, mas só a vida que Deus lhe doou, em cujas mãos ele se entrega. Depois, viveu como um eremita, até quando, em 1208, teve lugar outro acontecimento fundamental no itinerário da sua conversão. Ouvindo um trecho do Evangelho de Mateuso sermão de Jesus aos Apóstolos enviados em missão Francisco sentiu-se chamado a viver na pobreza e a dedicar-se à pregação. Outros companheiros se uniram a ele, e em 1209 veio a Roma, para submeter ao Papa Inocêncio III o projecto de uma nova forma de vida cristã. Recebeu um acolhimento paterno daquele grande Pontífice que, iluminado pelo Senhor, intuiu a origem divina do movimento suscitado por Francisco. O Pobrezinho de Assis tinha compeendido que cada carisma doado pelo Espírito Santo deve ser colocado ao serviço do Corpo de Cristo, que é a Igreja; portanto agiu sempre em plena comunhão com a autoridade eclesiástica. Na vida dos santos não há contraste entre carisma profético e carisma de governo e, se surge alguma tensão, eles sabem esperar com paciência os tempos do Espírito Santo.

Na realidade, alguns historiadores no século XIX e também no século passado procuraram criar por detrás do Francisco da tradição, um chamado Francisco histórico, assim como se procura criar por detrás do Jesus dos Evangelhos, um chamado Jesus histórico. Este Francisco histórico não teria sido um homem de Igreja, mas um homem relacionado imediatamente só com Cristo, um homem que queria criar uma renovação do povo de Deus, sem formas canónicas nem hierarquia. A verdade é que São Francisco teve realmente uma relação muito imediata com Jesus e com a palavra de Deus, que queria seguir sine glossa, tal qual é, em toda a sua radicalidade e verdade. É também verdade que inicialmente ele não tinha a intenção de criar uma Ordem com as formas canónicas necessárias mas, simplesmente, com a palavra de Deus e com a presença do Senhor, ele desejava renovar o povo de Deus, convocá-lo de novo para a escuta da palavra e para a obediência verbal com Cristo. Além disso, sabia que Cristo nunca é "meu", mas é sempre "nosso", que não posso tê-lo "eu" e reconstruir "eu" contra a Igreja, a sua vontade e o seu ensinamento, mas só na comunhão da Igreja construída sobre a sucessão dos Apóstolos é que se renova também a obediência à palavra de Deus.

É também verdade que não tinha a intenção de criar uma nova ordem, mas apenas de renovar o povo de Deus para o Senhor que vem. Mas compreendeu com sofrimento e dor que tudo deve ter a sua ordem, que também o direito da Igreja é necessário para dar forma à renovação e assim inseriu-se realmente de modo total, com o coração, na comunhão da Igreja, com o Papa e com os Bispos. Sabia sempre que o centro da Igreja é a Eucaristia, na qual o Corpo de Cristo e o seu Sangue se tornam presentes. Através do Sacerdócio, a Eucaristia é a Igreja. Onde caminham juntos Sacerdócio de Cristo e comunhão da Igreja, então ali habita também a palavra de Deus. O verdadeiro Francisco histórico é o Francisco da Igreja e precisamente deste modo fala também aos não-crentes, aos fiéis de outras confissões e religiões.

Francisco e os seus frades, cada vez mais numerosos, estabeleceram-se na Porciúncula, ou igreja de Santa Maria dos Anjos, lugar sagrado por excelência da espiritualidade franciscana. Também Clara, uma jovem de Assis, de família nobre, se pôs na escola de Francisco. Assim, teve origem a Segunda Ordem franciscana, a das Clarissas, outra experiência destinada a dar frutos insignes de santidade na Igreja.

Também o sucessor de Inocêncio III, Papa Honório III, com a sua bula Cum dilecti de 1218 apoiou o singular desenvolvimento dos primeiros Frades Menores, que iam abrindo as suas missões em diversos países da Europa, e até em Marrocos. Em 1219 Francisco obteve a autorização para ir falar, no Egipto, com o sultão muçulmano Melek-el-Kamel, para pregar também ali o Evangelho de Jesus. Desejo ressaltar este episódio da vida de São Francisco, que tem uma grande actualidade. Numa época na qual se estava a verificar um confronto entre o Cristianismo e o Islão, Francisco, intencionalmente armado só com a sua fé e com a sua mansidão pessoal, percorreu com eficácia o caminho do diálogo. As crónicas falam-nos de um acolhimento benévolo e cordial recebido do sultão muçulmano. É um modelo no qual também hoje se deveriam inspirar as relações entre cristãos e muçulmanos: promover um diálogo na verdade, no respeito recíproco e na compreensão mútua (cf. Nostra aetate, 3). Parece depois que em 1220 Francisco visitou a Terra Santa, lançando assim uma semente, que teria dado muito fruto: de facto, os seus filhos espirituais fizeram dos Lugares nos quais Jesus viveu um âmbito privilegiado da sua missão. Com gratidão penso hoje nos grandes méritos da Custódia franciscana da Terra Santa.

Tendo regressado à Itália, Francisco entregou o governo da Ordem ao seu vigário, frei Pedro Cattani, enquanto o Papa confiou à protecção do Cardeal Ugolino, futuro Sumo Pontífice Gregório IX, a Ordem, que contava cada vez mais adeptos. Por seu lado o Fundador, totalmente dedicado à pregação que desempenhava com grande sucesso, redigiu uma Regra, depois aprovada pelo Papa.

Em 1224, na ermida de La Verna, Francisco vê o Crucificado na forma de um serafim e do encontro com o serafim crucificado, recebeu os estigmas; ele torna-se assim um com Cristo crucificado: um dom queexpressaasuaíntimaidentificação com o Senhor.

A morte de Francisco o seu transitus aconteceu na noite de 3 de Outubro de 1226, na Porciúncula. Depois de ter abençoado os seus filhos espirituais, ele faleceu, estendido no chão nu. Dois anos mais tarde, foi construída em sua honra uma grande basílica em Assis, que ainda hoje é meta de muitíssimos peregrinos, que podem venerar o túmulo do santo e gozar da visão dos afrescos de Giotto, pintor que ilustrou de modo magnífico a vida de Francisco.

Foi dito que Francisco representa um alter Christus, que era verdadeiramente um ícone vivo de Cristo. Ele foi chamado também "o irmão de Jesus". De facto, era este o seu ideal: ser como Jesus; contemplar o Cristo do Evangelho, amá-lo intensamente, imitar as suas virtudes. Em particular, ele quis dar um valor fundamental à pobreza interior e exterior, ensinando-a também aos filhos espirituais. A primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5, 3) encontrou uma luminosa realização na vida e nas palavras de São Francisco. Deveras, queridos amigos, os santos são os melhores intérpretes da Bíblia; eles, encarnando na sua vida a Palavra de Deus, tornam-na atraente como nunca, de modo que fala realmente connosco. O testemunho de Francisco, que amou a pobreza para seguir Cristo com dedicação e liberdade totais, continua a ser também para nós um convite a cultivar a pobreza interior para crescer na confiança em Deus, unindo também um estilo de vida sóbrio e um desapego dos bens materiais.

Em Francisco o amor a Cristo expressou-se de modo especial na adoração do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Nas Fontes franciscanas lêem-se expressões comovedoras, como esta: "Toda a humanidade tema, o universo inteiro trema e o céu exulte, quando no altar, na mão do sacerdote, está Cristo, o Filho do Deus vivo. Ó favor maravilhoso! Ó sublimidade humilde, que o Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, a tal ponto se humilhe que se esconda para a nossa salvação, sob uma modesta forma de pão" (Francisco de Assis, Escritos, Editrici Franciscane, Pádua 2002, 401).

Neste ano sacerdotal, apraz-me recordar também uma recomendação dirigida por Francisco aos sacerdotes: "Quando quiserem celebrar a Missa, puros de modo puro, façam com reverência o verdadeiro sacrifício do santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Francisco de Assis, Escritos, 399). Francisco mostrava sempre uma grande deferência em relação aos sacerdotes, e recomendava que fossem sempe respeitados, também no caso de serem pessoalmente pouco dignos. Dava como motivação deste profundo respeito o facto de que eles receberam o dom de consagrar a Eucaristia. Queridos irmãos no sacerdócio, nunca esqueçamos este ensinamento: a santidade da Eucaristia pede que sejamos puros, que vivamos de modo coerente com o Mistério que celebramos.

Do amor a Cristo nasce o amor às pessoas e também a todas as criaturas de Deus. Eis outra característica da espiritualidade de Francisco: o sentido da fraternidade universal e o amor pela criação, que lhe inspirou o célebre Cântico das criaturas. É uma mensagem muito actual. Como recordei na minha recente Encíclica Caritas in veritate, só é sustentável um desenvolvimento que respeite a criação e que não danifique o meio ambiente (cf. nn. 48-52) e na Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano ressaltei que também a construção de uma paz sólida está relacionada com o respeito da criação. Francisco recorda-nos que na criação se manifesta a sabedoria e a benevolência do Criador. A natureza é entendida por ele precisamente como uma linguagem na qual Deus fala connosco, na qual a realidade se torna transparente e nós podemos falar de e com Deus.

Queridos amigos, Francisco foi um grande santo e um homem jubiloso. A sua simplicidade, a sua humildade, a sua fé, o seu amor a Cristo, a sua bondade para cada homem e mulher fizeram-no feliz em todas as situações. De facto, entre a santidade e a alegria subsiste uma relação íntima e indissolúvel. Um escritor francês disse que no mundo só existe uma tristeza: a de não ser santo, isto é, de não estar próximo de Deus. Olhando para o testemunho de São Francisco, compreendemos que é este o segredo da verdadeira felicidade: tornar-nos santos, próximos de Deus!

Que a Virgem, ternamente amada por Francisco, nos obtenha este dom. Confiemo-nos a ela com as mesmas palavras do Pobrezinho de Assis: "Santa Maria Virgem, não existe outra semelhante a ti nascida no mundo entre as mulheres, filha e escrava do altíssimo Rei e Pai celeste, Mãe do nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo: interceda por nós... junto do teu santíssimo e dilecto Filho, Senhor e Mestre" (Francisco de Assis, Escritos, 163).




Apelo

Há sessenta e cinco anos, a 27 de Janeiro de 1945, foram abertos os portões do campo de concentração nazista da cidade polaca de Oswiecim, conhecida com o nome alemão de Auschwitz, e foram libertados os poucos que sobreviveram. Este acontecimento e os testemunhos dos sobreviventes revelaram ao mundo o horror de crimes de crueldade indizível, cometidos nos campos de extermínio criados pela Alemanha nazista.

Hoje, celebra-se o "Dia da memória", em recordação de todas as vítimas daqueles crimes, especialmente da aniquilação planificada dos judeus, e em honra de quantos, com o risco da própria vida, protegeram os perseguidos, opondo-se à loucura homicida. Com o coração comovido pensamos nas inúmeras vítimas de um cego ódio racial e religioso, que sofreram a deportação, a prisão, a morte naqueles lugares aberrantes e desumanos. A memória destes factos, sobretudo do drama do Shoah que atingiu o povo judeu, suscite respeito cada vez mais convicto pela dignidade de cada pessoa, para que todos os homens se concebam como uma única e grande família. Deus omnipotente ilumine os corações e as mentes, para que não se voltem a repetir tais tragédias!

Saudação

Amados peregrinos de língua portuguesa, o testemunho da vida de São Francisco de Assis ensina que o segredo da verdadeira felicidade é tornar-se santo. Que a Virgem Maria conceda este dom a vós e aos vossos familiares, que de coração abençoo. Ide em paz!

sábado, 1 de outubro de 2011

Outubro com Santa Teresa do Menino Jesus, ser o amor no coração da Igreja


 
Iniciamos o mês de Outubro, mês missionário por excelência. E logo no primeiro dia a liturgia apresenta-nos a figura de Santa Tersa do Menino Jesus, padroeira das Missões. Aquela que fez da oração uma ponte permanente com o mundo da missão e dos missionários. Iniciamo, pois, o mês das missões com a certeza de que caminha ...connosco uma grande missionária e intercessora junto de Deus.
Santa Teresa do Menino Jesus, nasceu em França, em 1873. Ainda adolescente, com 15 anos, ingressou no Carmelo de Lisieux (França), onde descobre a sua vocação e inicia uma caminhada de santidade. Em 1896 adoeceu com tuberculose e morreu, um ano depois, com apenas 25 anos. Foi beatificada em 1923 e canonizado em 1925 pelo Papa Pio XI.

Toda a sua vida foi marcada pela humildade, simplicidade e confiança plena em Deus. Com uma espiritualidade muito marcada por uma forte paixão pela dimensão missionária da Igreja, Santa Teresa foi declarada padroeira das Missões, em 1927, titulo atribuído também pelo Papa Pio XI. Mais tarde, a 19 de Outubro de 1997, João Paulo II proclamou-a doutora da Igreja.

É de salientar que ao longo de toda a sua vida acompanhou-a um profundo e constante desejo de ter sido missionária: “desde a criação do mundo até a consumação dos séculos”, dizia. Por isso intercedia muito pelos missionários sacerdotes. Oferecia mesmo todos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, a Deus pela salvação das almas e na intenção da Igreja.

Santa Teresinha não só descobriu no coração da Igreja que a sua vocação era o amor, mas sabia que o seu coração – e o de todos nós – foi feito para amar. Missionária da oração, do sofrimento e do amor. Teresinha transformou a vida fechada no convento em luz, a dor em amor, o pequeno em grande, a terra em céu, o tempo em eternidade, a vida contemplativa de convento de clausura num horizonte missionário, em Igreja universal .

Apesar de nunca ter ido para as missões, o Papa Pio XI nomeou-a Padroeira das Missões e dos missionários, junto com São Francisco Xavier. A sua festa é celebrada no dia 1º. de outubro.


“Não quero ser santa pela metade, escolho tudo”.
"No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor"

Prece
Senhor nosso Deus, que cuidas de nós com a ternura de um Pai,
conduz as nossas comunidades para que neste mês missionário de Outubro,
imitando santa Teresinha do Menino Jesus,
vivam e testemunhem a sua fé, praticando o mandamento novo do amor.

Santa Terezinha do Menino Jesus!
Rogai por nós


XXVII Domingo do Tempo Comum A

     
XXVII Domingo do Tempo Comum A
Continuamos neste Domingo a calcorrear a vinha do Senhor, imagem bíblica que, especialmente neste tempo, tanto nos diz. Hoje, a linguagem da parábola fala-nos não só dos cuidados que Deus dispensa à sua vinha como das atitudes que face a ela cada um de nós pode tomar. O profeta canta o amor do Amigo pela vinha, amor não correspondido; e, por isso, Deus não fica indiferente à resposta improdutiva da vinha, identificada com Israel. No Evangelho, Jesus, no mesmo tom profético, põe a nu a ganância assassina dos vinhateiros, obrigando habilmente os ouvintes da parábola a olharem bem fundo, para dentro de si.

Ezequiel 11, 19-20


 Escutemos o Senhor, que nos diz:  
... «Dar-vos-ei um coração novo
e infundirei em vós um espírito novo.
Arrancarei do vosso peito o coração de pedra
e dar-vos-ei um coração de carne.
farei que vivais segundo os meus preceitos
que observeis e ponhais em prática as minhas leis.
sereis o meu povo e Eu serei o vosso Deus».