Reflectindo o Evangelho
Vivemos uma época de crise. Inflacionada ou não pelos media, o certo é que as notícias de que a nossa sociedade está em mudança são cada vez mais. No meio de tanta agitação social, os megafones vêm para a rua e gritam-se palavras de ordem, mas muitas vezes acabam desvalorizadas, pois quem as profere não as testemunha com a sua própria vida.
O Evangelho deste Domingo fala-nos de alguém que, embora não usando um megafone, andou pela Palestina há uns séculos atrás a dizer palavras de descontentamento face à sociedade em que vivia, Jesus Cristo.
Lemos que Jesus "os ensinava com autoridade e não como os escribas" (ver Evangelho), isto é, mais do que um agitador social de megafone na mão (escribas), Jesus ensinava com autoridade.
E que autoridade é esta? É a autoridade que lhe advém de viver o espírito da Escritura que interpretava. Isto é, Jesus, mais do que denunciar, vivia segundo uma linha de princípios, não se limitava a proferir palavras, vivia-as.
Tal "autoridade" inquietava os presentes, e estes temiam o que aquele homem poderia fazer ("Vieste para nos perder?").
A primeira leitura ajuda-nos a saber quem é este Jesus de Nazaré. Ele é o cumprimento da promessa feita por Deus ao Povo: "Farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu" (primeira leitura).
Este "profeta" é a própria Palavra de Deus, testemunhada pela autoridade que tem sobre tudo, mesmo sobre os espíritos impuros (ver Evangelho). É uma palavra que se faz sentir e se propaga não pelo volume com que é proferida, mas sim pelo testemunho de vida que transmite. Não é uma palavra transmitida por megafone que causa agitação social, é uma Palavra que inquieta, que interroga, que liberta.
Jesus é, assim, a Palavra de Deus que nos chega de uma forma dócil, para que não tenhamos que dizer a Deus que já não O escutamos por causa do seu fogo, da sua magnificência (ver primeira leitura)
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