Podemos perguntar que
valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si
bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição
cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a
ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já
nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se
abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do
jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em
que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem
divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro
mandamento neste sentido foi dado a Adão». Portanto, ele conclui: «O “não comas”
e, portanto, a lei do jejum e da abstinência» (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163,
98). Dado que todos estamos entorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências,
o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor.
Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida,
convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso
Deus» (8, 21). O Omnipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a
sua protecção. O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo
de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um
jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua
ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e
os poupou.
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