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"A opção fundamental da Vida de um Cristão é acreditar no Amor de Deus" Bento XVI

domingo, 23 de outubro de 2011

XXX Domingo Comum A 2011

XXX Domingo do Tempo Comum A


O Antigo Testamento insiste no amor de Deus ao seu Povo e aí funda a obrigação de ir ao encontro dos mais necessitados e desprotegidos, como vamos ouvir na passagem do Livro do Êxodo que a Igreja hoje nos propõe. Com Jesus, esta lei do amor atinge o seu cume, pois é para todos, para o próximo, seja ele quem for, e para Deus. Esta impossibilidade de separar Deus e o Homem unifica-nos e não permite que pensemos nos outros como nossos rivais.

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1. Da política ao catecismo, os fariseus experimentam Jesus, em todas as matérias. Passamos da questão fiscal, ao problema moral. Agora a dúvida é sobre o principal mandamento! E é pressuposto que o “Mestre” tenha, para isso, uma resposta clara. De facto, numa floresta de seiscentas e treze obrigações e proibições, a que o judeu piedoso se obrigava, era difícil encontrar a raiz de tudo, e saber por que mandamento começar.
2. Na resposta de Jesus, não há palavras novas! Jesus recorre a dois textos bem conhecidos, dos livros da Lei, do Antigo Testamento. O primeiro, do livro de Deuteronómio, falava-nos do «amar a Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente» (Dt.6,4-5), pondo de parte um amor apenas sentimental ou devoto, para fazer deste amor a Deus, uma conformação da vontade, um compromisso, uma entrega pessoal e total ao Senhor. Mas Jesus saca ainda de outro texto da Lei, do livro do Levítico, lembrando o dever de «amar o próximo como a si mesmo» (Lev.19,18). Está aí o critério de verdade do amor a Deus. Jesus parece dizer: o essencial é amar. O amor é tudo!
3. Onde está então a novidade do ensinamento de Jesus? Que acrescentou Jesus, de novo, àquilo que o escriba já sabia das Escrituras?
Em primeiro lugar, a originalidade deste ensinamento está no facto de Jesus ligar íntima e indissociavelmente um mandamento ao outro! Assim, na perspectiva de Jesus, o “amor a Deus” e o “amor aos irmãos” não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. «Os discípulos de Jesus nunca poderão separar estes dois amores. Tal como, numa árvore, não se podem separar as raízes da sua copa: quanto mais amarem a Deus, mais intensificam o amor aos irmãos e às irmãs; quanto mais amarem os irmãos e as irmãs, mais aprofundam o amor a Deus» (C. Lubich).
Outra originalidade na resposta de Jesus está no alcance e no significado da palavra «próximo». “Enquanto o conceito de «próximo», até então, se referia essencialmente aos concidadãos e aos estrangeiros que se tinham estabelecido na terra de Israel, ou seja, à comunidade solidária de um país e de um povo, agora este limite é abolido. Qualquer um que necessite de mim e eu possa ajudá-lo, é o meu próximo. O conceito de próximo fica universalizado, sem deixar todavia de ser concreto. Apesar da sua extensão a todos os homens, não se reduz à expressão de um amor genérico e abstracto, em si mesmo pouco comprometedor, mas requer o meu empenho prático aqui e agora. Amor a Deus e amor ao próximo fundem-se num todo: no mais pequenino, encontramos o próprio Jesus e, em Jesus, encontramos Deus” (Bento XVI, DCE 15).
Apesar de tudo, Jesus, como ouvimos, não começou pelo mandamento do amor ao próximo, mas sim pelo mandamento do amor a Deus. Porque afinal, todo o amor vem de Deus! O amor a Deus e o amor ao próximo, a paixão por Deus e a compaixão pelo próximo bebem da mesma fonte: o amor de Deus, aquele Amor com que Deus primeiro nos amou (I Jo.4,10)! O amor que nos é pedido é, portanto, uma resposta ao Amor, que nos é dado. É pela graça deste único amor de Deus, que amamos a Deus e ao próximo! O amor a Deus é sempre prioritário, pois sem o amor de Deus em nós, o outro nunca se torna o meu próximo, nem eu me torno próximo do outro.
4. Caríssimos irmãos:
Temos pela frente, um ano dificílimo, com a maior recessão económica, que se conhece, em tempos de democracia. Por isso, o amor, de que aqui se fala, “com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito” não é apenas o amor virtual ou sentimental dos beijos e dos abraços, mas é sobretudo o «esforço da caridade» (I Tes.1,3), o amor braçal, que conta com a força das minhas mãos: um amor traduzido em pedaços de proximidade e ajuda, em atenção concreta e partilha verdadeira!
Não deixemos que o medo do futuro possa inibir ou retrair a nossa generosidade. Esta é a altura de poupar e gastar menos, para investir mais nos outros! Sejamos capazes de tecer uma vasta rede de proximidade e de solidariedade, a partir da própria família, onde a caridade é sempre mais secreta e discreta, mais próxima do mais próximo. Mas não há-de parar aí a corrente do amor, pois o próximo não é apenas a pessoa do meu sangue; é também o vizinho, o homem da rua, que perdeu o emprego; é o estrangeiro desorientado; é também aquele que já suporta, com a fome do essencial, o peso dos seus encargos! É aquele que está a meu lado e sobre o qual posso poisar a minha mão! Muitas vezes o nosso próximo é o mais «distante»!
5. Neste contexto, fica então claro para todos: “O amor ao próximo é a nossa estrada para encontrar a Deus! E o fechar os olhos diante do próximo torna-nos cegos também diante de Deus” (Bento XVI, DCE 16). Por isso, estejamos bem atentos, porque o amor não é cego! O amor dá-nosum coração que vê. «Este coração vê onde há necessidade de amor e age, de acordo com isso» (Bento XVI, DCE 31). Ora, a caridade dá muito que fazer!

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