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"A opção fundamental da Vida de um Cristão é acreditar no Amor de Deus" Bento XVI

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Outubro Misssionário - Mensagem de Sua Santidade Bento XVI





“Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20, 21).



Queridos irmãos e irmãs,



Por ocasião do Jubileu do Ano 2000, o Venerável João Paulo II, no início de um novo milénio da era cristã, reiterou com força a necessidade de renovar o compromisso de levar a todos o anúncio do Evangelho, com «o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora» (Carta Apost. Novo Millennio Ineunte, 58). É o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa individualmente em busca das profundas razões para viver a própria existência em plenitude. Por isso, aquele mesmo convite ressoa cada ano na celebração do Dia Mundial Missionário. Com efeito, o anúncio incessante do Evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor e o seu espírito apostólico, renova os seus métodos pastorais para que sejam cada vez mais apropriados às novas situações – inclusive àquelas que exigem uma nova evangelização - e animados pelo impulso missionário: «A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece! A nova evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e apoio no empenho pela missão universal» (João Paulo II, Enc. Redemptoris Missio, 2).




Ide e anunciai



Esta finalidade é continuamente renovada pela celebração da liturgia, de maneira especial da Eucaristia, que se conclui sempre fazendo ressoar o mandato de Jesus ressuscitado aos Apóstolos: «Ide....»  (Mt 28, 19). A liturgia é sempre um chamamento «do mundo» e um novo envio «ao mundo» para dar testemunho daquilo que se experimenta: o poder salvífico da Palavra de Deus, o poder salvífico do Mistério Pascal de Cristo. Todos aqueles que encontraram o Senhor ressuscitado sentiram a necessidade de O anunciar aos outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús. Depois de terem reconhecido o Senhor na fracção do pão, eles «partiram sem hesitação e voltaram para Jerusalém. Aí encontraram reunidos os Onze» e contaram o que lhes tinha acontecido ao longo do caminho (Lc 24, 33-35). O Papa João Paulo II exortava a sermos «vigilantes e prontos para reconhecer o seu rosto e correr a levar aos nossos irmãos o grande anúncio: “Vimos o Senhor!”» (Carta Apost. Novo Millennio Ineunte, 59).



A todos



Destinatários do anúncio do Evangelho são todos os povos. A Igreja, «é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na “missão” do Filho e do Espírito Santo» (Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Ad Gentes, 2). Esta é « a graça e a vocação própria da Igreja (…) Ela existe para evangelizar» (Paulo VI, Exort. Apost. Evangelii Nuntiandi, 14). Por conseguinte, nunca pode fechar-se em si mesma. Ela alicerça-se em determinados lugares, para ir mais além. A sua obra, em adesão à palavra de Cristo e sob o influxo da sua graça e da sua caridade, faz-se plena e actualmente presente a todos os homens e a todos os povos, para os conduzir rumo à fé em Cristo (cf. Ad Gentes, 51).

Esta tarefa não perdeu a sua urgência. Pelo contrário, «a missão de Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento… uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço» (João Paulo II, Enc. Redemptoris Missio, 1). Não podemos permanecer tranquilos ao vermos  que, depois de dois mil anos, ainda existem povos que não conhecem Cristo e ainda não ouviram a sua Mensagem de salvação.

Além disso, está a aumentar o número daqueles que, embora tenham recebido o anúncio do Evangelho, já o esqueceram e abandonaram, já não se reconhecem na Igreja; e muitos ambientes, também em sociedades tradicionalmente cristãs, são hoje refractários a abrir-se à palavra da fé. Está em curso uma mudança cultural, alimentada também pela globalização, por movimentos de pensamento e pelo relativismo imperante, uma mudança que leva a uma mentalidade e a um estilo de vida que prescindem da Mensagem evangélica, como se Deus não existisse, e que exaltam a busca do bem-estar, do lucro fácil, da carreira e do sucesso como finalidade da vida, mesmo em detrimento dos valores morais.



Co-responsabilidade de todos



A missão universal empenha todos, tudo e sempre. O Evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a compartilhar, uma boa notícia a comunicar. E este dom-compromisso é confiado não apenas a alguns, mas sim a todos os baptizados, que são «raça escolhida... nação santa, povo adquirido por Deus» (1 Pd 2, 9), para que proclame as suas obras maravilhosas.

Ela, a missão universal, envolve também todas as actividades da Igreja. A atenção e a cooperação na obra evangelizadora da Igreja no mundo não podem ser limitadas a alguns momentos e ocasiões particulares, e nem sequer podem ser consideradas como uma das numerosas actividades pastorais: a dimensão missionária da Igreja é essencial, e portanto deve ser sempre considerada. É importante que tanto os indivíduos baptizados como as comunidades eclesiais estejam interessados, não de modo esporádico e irregular na missão, mas de maneira constante, como forma de vida cristã. O próprio Dia Mundial Missionário não constitui um momento isolado no curso do ano, mas é uma ocasião preciosa para nos determos e meditarmos se e como respondemos à vocação missionária; uma resposta essencial para a vida da Igreja.



Evangelização global



A evangelização é um processo complexo e compreende vários elementos. Entre eles está a atenção peculiar que a animação missionária sempre deu  à solidariedade. Esta é também uma das finalidades do Dia Mundial Missionário que, através das Obras Missionárias Pontifícias, solicita a ajuda para o cumprimento das tarefas de evangelização nos territórios de missão. Trata-se de apoiar instituições necessárias para estabelecer e consolidar a Igreja mediante os catequistas, os seminários e os sacerdotes; e também de oferecer a própria contribuição para o melhoramento das condições de vida das pessoas em países onde são mais graves os fenómenos de pobreza, subalimentação sobretudo infantil, enfermidades, carência de serviços médicos e para a instrução. Também isto faz parte da missão da Igreja. Anunciando o Evangelho, ela toma a peito a vida humana em pleno sentido. Não é aceitável, reiterava o Servo de Deus Paulo VI, que na evangelização se descuidem os temas relativos à promoção humana, à justiça, à libertação de todas as formas de opressão, obviamente no respeito pela autonomia da esfera política. Desinteressar-se dos problemas temporais da humanidade significaria «ignorar a doutrina do Evangelho sobre o amor ao próximo que sofre ou que se encontra em necessidade» (Exort. Apost. Evangelii Nuntiandi, 31.34); não estaria em sintonia com o comportamento de Jesus, que «percorria todas as cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo o mal e toda a enfermidade» (Mt 9, 35).

Assim, através da participação co-responsável na missão da Igreja, o cristão torna-se construtor da comunhão, da paz, da solidariedade que Cristo nos concedeu, e colabora para a realização do plano salvífico de Deus para toda a humanidade. Os desafios  que isso implica chamam os cristãos a caminhar juntamente com os outros, e a missão faz parte integrante deste caminhar com todos. Nela nós levamos, ainda que  em vasos de barro, a nossa vocação cristã, o tesouro inestimável do Evangelho, o testemunho vivo de Jesus morto e ressuscitado, encontrado e acreditado na Igreja.

O Dia Mundial Missionário reavive em cada um o desejo e a alegria de «ir» ao encontro da humanidade levando Cristo a todos. No seu nome, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica, em particular a quantos mais se cansam e sofrem por causa do Evangelho.



Vaticano, 6 de Janeiro de 2011,

Solenidade da Epifania do Senhor.

                                                                       




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