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"A opção fundamental da Vida de um Cristão é acreditar no Amor de Deus" Bento XVI

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Editorial: MAIS ALÉM SET e OUT


O Deus em quem acredito é maravilhoso!

A propósito das declarações infelizes de José Saramago, ponho-me a pensar no tipo de sociedade em que nos encontramos hoje e chego às seguintes conclusões: viver num mundo plural e democrático é muito bom, mas isso não significa que posso dizer ou fazer tudo o que me vem à cabeça. Quando não concordo com determinadas coisas, devo dizê-lo com sinceridade, sem ofender, respeitando sempre as opiniões dos outros. Ora, Saramago, que não acredita em Deus, voltou a usar a bíblia e a religião para se promover e sobretudo para ofender os cristãos. Porquê? Se para ele Deus não existe, porque fala n’Ele? Porque escreve livros ofensivos ao nome de Deus? Falar mal de algo que não existe, é no mínimo absurdo. Se Deus fosse tão vingativo como ele afirma, logo o teria castigado pelas blasfémias que proferiu.
Depois, observando a reacção dos cristãos a esse respeito, verifico que apenas o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa se pronunciou. Onde estão os nossos cristãos para responderem às ofensas de que foram alvo? Como diz o povo: “quem cala, consente!” Porque será que se defende com mais convicção o partido ou o clube de futebol quando são criticados que os valores da fé e da moral cristã? Um estudo realizado deu a conhecer que os cristãos não lêem a bíblia e que os seus conhecimentos de religião são poucos. Isto mostra como a Palavra de Deus não é tida em grande consideração, e por isso, como dizia São Jerónimo: “ignorar as Escrituras é o mesmo que ignorar Cristo”.

O Papa Paulo VI, na encíclica Ecclesiam Suam, definiu o ateísmo como o “fenómeno mais grave do nosso tempo” (E.S.100). De facto, aquilo que parece ser uma forma de afirmação da inteligência humana, transforma-se na sua própria negação. É que ao negar a existência do Criador, nega-se a existência do ser criado. Quem é que, ao olhar para uma casa, não admite a existência de um construtor, ou ao pegar num relógio, não admite e existência de um relojoeiro?
Com certeza que a fé é um dom de Deus. Mas é também uma resposta da pessoa a esse Deus que se deu a conhecer por Seu Filho, Jesus Cristo. A razão serve de apoio às nossas dúvidas, mas precisa de uma luz superior. Essa luz é a fé! Ter dúvidas é próprio de quem procura, de quem busca a verdade. Algumas pessoas dizem que se Deus existisse não haveria tantos doentes, crianças abandonadas, etc. Este argumento não serve de justificação. O facto de haver pessoas com cabelos compridos ou barba por fazer não significa que não existam barbeiros. O que acontece é que nem todas as pessoas os procuram, e isso é uma escolha delas. Fomos criador livres, com inteligência, vontade e capacidade de amar. Tudo isto é uma riqueza, mas é também uma grande responsabilidade porque devemos utilizar bem aquilo que nos foi dado. Deus existe, porém, muita gente não o procura nem quer saber disso. Há muito sofrimento causado pelo homem que não é assumido. É mais fácil atribuir as culpas a Deus pelos males do mundo do que trabalhar com generosidade pelo bem comum. E se Saramago usasse os dons que tem para promover a paz e o amor entre os homens talvez mais facilmente encontrasse o autor de todos os bens.
O Deus da bíblia é um Deus Criador, justo, amigo dos homens, companheiro, capaz de se compadecer das fraquezas do Seu povo; é um Deus que perdoa e salva. Se o nosso prémio Nobel da literatura não descobriu este rosto de Deus é porque ainda não aprendeu a ler a bíblia. Talvez Saramago tenha forjado uma caricatura de Deus. Foi assim ao longo dos tempos, os homens projectam na divindade as suas próprias deficiências. Criaram divindades à sua medida. O que nos vale é a Sua imensa paciência. Também eu, como Jesus na cruz, peço pelo nosso irmão Saramago: Pai, perdoa-lhe porque ele não sabe o que diz!
Padre Aniceto Costa Morgado

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