1. Imaculada Conceição de Maria! Estamos diante do mistério do excesso e do sucesso da graça de Deus, que envolveu Maria, desde o primeiro instante da sua existência! Chamada a ser a Mãe do Redentor, Maria foi preservada do pecado original, e assim “radicalmente” preparada, por Deus, para ser a digna morada de Seu Filho! Olhando para Maria, toda bela, santa e imaculada, nós conhecemos a grandeza e a beleza do projecto inicial de Deus, para cada pessoa: tornarmo-nos santos e imaculados no amor (cf. Ef 1, 4)! Em Maria Imaculada, contemplamos o reflexo daquela da beleza de Deus, que resplandece sobre a face de Cristo! Em Maria, esta beleza é totalmente pura, humilde, livre de qualquer soberba e presunção! Por isso, o «sim» livre de Maria desata o nó cego da desobediência, que está origem do pecado, um «não» da criatura humana ao «sim» irrevogável do amor divino!
2. Curiosamente, a Sagrada Escritura, ao representar odrama original deste pecado, traz à cena, um casal, figura da humanidade inteira! Diríamos que toda a nossa história, de amor e de desamor em relação a Deus e ao próximo mais próximo, é representada, nas vicissitudes deste par humano! Eles foram chamados, desde o princípio, à alegria do dom e da comunhão. Homem e Mulher não se envergonhavam da sua nudez, pois a sua ternura brotava da descoberta maravilhada, que cada um fazia do outro. Homem e Mulher descobriam-se um no outro, um para o outro, um graças ao outro! Neste âmbito do primeiro amor, o desejo era ainda uma pura força de vida, e um dom de alegria, que abria ao par humano, uma promessa de felicidade irresistível!
3. Mas este é apenas o lado luminoso e maravilhoso do desejo e da ternura. Porque, na realidade, o coração humano depressa se deixou minar e contaminar pela cobiça! E assim transformou o dom em domínio, a ternura em violência, o gozo do prazer mútuo em uso ou abuso do outro! Vê-se bem, na cena do pecado original, como o amor é um tesouro, sempre ameaçado, pela fragilidade do nosso barro humano. Somos assim alertados, com realismo, para o dom e para o risco que comporta a vivência da sexualidade e do amor na pessoa humana! Por um lado, a sexualidade é uma expressão do amor e um dom do criador, e por isso mesmo dotada de bondade! Por outro lado, este dom está sempre exposto ao risco de manipulação e de exploração! A maravilha e o trágico deixam, desde o princípio, a sua marca, na experiência do amor humano!
4. De resto, esta história do “pecado original” peca por não ser original!“Infelizmente todos os dias experimentamos o mal, que se manifesta de muitos modos, nas relações e nos acontecimentos, mas que tem a sua raiz no coração humano, um coração ferido, incapaz de se curar sozinho. Penso nos jovens de hoje, que parecem órfãos do verdadeiro amor, que enche a vida de significado e de alegria. Infelizmente, adolescentes, jovens, e até crianças, podem tornar-se, com facilidade, vítimas fáceis de amor corrupto. Também as realidades mais sagradas, como o corpo humano, se tornam objectos de consumo; e isto acontece cada vez mais cedo, já na pré-adolescência. Como é triste, quando rapazes e raparigas perdem a admiração, o encanto dos mais belos sentimentos, o valor do respeito pelo corpo, que são revelação da pessoa e do seu insondável mistério” (Bento XVI, Angelus, 8.12.2007).
5. Queridos irmãos e irmãs: Tudo isto nos é lembrado por Maria, Imaculada, que hoje contemplamos em toda a sua beleza e santidade! Maria abre-nos à esperança de um coração novo, redimido pela graça de Cristo, capaz de responder e corresponder ao amor de Deus! Que imensa alegria, e que dom grandioso é o nosso, de ter como mãe Maria Imaculada! Uma Mãe resplandecente de beleza, transparente ao amor de Deus. Na «Mãe do belo amor», contemplemos, maravilhados, a pureza do desejo, o rosto da ternura e a beleza do amor, sem sombra de pecado! Àmen.
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